sábado, 16 de janeiro de 2010

Artes Marciais - Kalaripayat


Com o tempo os conceitos das Artes Marciais primordiais encontraram terreno fértil para emergirem “a luz do dia” na Índia, baseando os seus princípios de desenvolvimento na relação com a saúde, a filosofia e a religião. 

Os Kshátriyas, a classe guerreira da Índia, eram praticantes assíduos de artes marciais muito antigas conhecidas por Kalaripayat ou Kaláripayatu e o Vajramushti, originárias da região de Kerala. 
Khalorika, em sânscrito, traduz-se pelo "local onde se pratica as técnicas marciais”, crendo-se que a palavra Kaláripayatu tenha daí surgido, uma vez que Kalari significa "escola" e Payatu significa "arte marcial".
Já no que concerne ao significado de Vajramushti, Vajra é "bastão, ceptro", e Mushti entende-se como "soco, pancada". Porém temos que referir que o Vajramushti é confundido e interpenetra-se com o próprio Kalaripayat. 
O Kalaripayat pode ser referido como a Arte Antiga do "Marma", isto é, dos 108 pontos vitais no corpo humano (Sthula Sharira ou Físico Denso). A essência do Kalaripayatu reside em ajudar a manter uma harmonia exterior e interior no homem e a sua transposição para a sociedade sendo estas artes mais divulgadas como sendo de condicionamento espiritual e mental, físico e emocional do Ser Humano, do que uma mera arte de luta. Contudo há uma procura constante de vigorizar a mente através de exercícios físicos e Yoga, fazendo valer a máxima, “o vigor da mente, é o vigor de corpo".
Kalaripayatu é assim uma fusão única de práticas espirituais, mentais e físicas, onde o treino segue rituais precisos no Gurukula, (residência dos mestres), tendo em atenção uma preparação física, ética e espiritual bastante exigente ministrada aos seus praticantes. 
O Kalariguru, Mestre de Defesa Pessoal, é o guia dos seus estudantes através dum caminho que visa permitir-lhes estarem sempre prontos para qualquer situação na vida. 
Desta forma, a medicina Ayurvedica tradicional emparelha-se com o Kalaripayatu e o seu nome é designado por "Kalarichikitsa" e tem por base a identificação dos marmas (pontos vitais), os quais são tratados com massagens e óleos essenciais do Ayurveda e ervas medicinais prescritas pelos Gurus. O Kalaripayatu tem uma raiz elementar na qual se desenvolve uma prática quer sem armas quer com estas, sendo as usuais, os bastões longos ou curtos, as lanças, a espada, etc.
Como figuras proeminentes e detentoras de elevadíssimos conhecimentos destas artes temos, Siddhartha Gautama - Buda - praticante assíduo e o monge Bodhidharma (Príncipe de Tamil Nadu), tendo este último levado consigo na sua peregrinação em prol do Budismo, os conhecimentos de Kalaripayatu e do Vajramushti e introduziu-os na China (daqui foram transmitidos para o Japão, e depois para outras terras e países).Na China, o Kalaripayatu e o Vajramushti adoptaram o nome de Kung Fu. No Japão, estas artes foram desenvolvidas dentro do sistema feudal vigente onde a classe guerreira eram os samurai, criando-se e desenvolvendo-se o Karate-do e o Kempo. 
A idade dourada de Kalaripayatu abarcou desde o século XIII ao século XVIII, período em que as técnicas foram mais divulgadas e praticadas publicamente. Já no século XIX, os colonialistas Britânicos declararam o Kalaripayatu e o Vajramushti como técnicas ilegais e a sua prática e ensino foi gradualmente extinta. Poucos mestres ensinavam estas artes, e quando isto ocorria, tal ensino era feito reservadamente. 
Actualmente, o Kalaripayat é de novo difundido em todo o mundo com especial incidência no seu país natal, a Índia, por sua vez o Vidya Yoga mantém na sua codificação a prática desta arte marcial tendo os praticantes desta vertente de Yoga a oportunidade de conhecer a base elementar do Kalaripayat e do Vajramushti.



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