Progride e retrocede, gira a esquerda ou
inflecte a direita, remoinha e abranda, eleva-se e cai, ecoa e cessa…deambula,
acalma-se e foca…a mente é a perpétua mudança, o caminho que não acaba, o que
nos move…mas é também o Nada…
Nada é e nada somos, se não vivemos em absoluto,
tudo não passa de um efémero lampejar tal qual um qualquer mero figurante, na
peça mais imprevisível e indispensável que é a nossa própria vida, quando esta
se resume a dizer presente sem a certeza do nosso desempenho e nos encontramos
perdidos no tempo e no esquecimento. Em muitas ocasiões debatemo-nos num inenarrável
número de interacções, mas que no seu real valor nada representam, pois, o “mundo”
absorve-nos, molda-nos e retira-nos a nossa essência sonhadora e verdadeira
razão de existir, o Sentimento.
Quando sentimos no mais íntimo do nosso inner
self, as várias realidades que consumamos, palpitamos com elas,
aprofundamo-las e damos o nosso melhor, ultrapassando por vezes as expectativas
por nós “impostas”, contudo, quando apenas efectivamos as tarefas sem fruição,
tudo é perdido, pois, não lhes dá-mos alma, nem alento e embora sejam terminadas
não traduzem qualquer significado autêntico.
Existe, pois, qualquer razão plausível
para justificar o porquê de partilha de vidas sem sentimentos? Coexistir sem
harmonia face aos nossos ideais e sentimentos? Viver a vida pela vida e não pela
sua essência?
Questões ambíguas onde se pode inferir o
que talvez seja um desígnio já há muito traçado, perdemo-nos da premissa base da
coerência dualista de seres, de ideias e ideais análogos, e quando não
conseguimos animar alma e espírito, não sabemos procurar de novo o rumo,
perdemo-nos.
Quiçá exista um medo velado no âmago de
cada um, traduzido numa negação existencial do ergo sum como um todo,
preceituado num resultado dicotómico final desprovido de um acompanhamento
qualquer que seja, e vivamos na realidade do mais ínfimo átomo do nosso ser, o ideal
enganoso e conclusivo que todos somos conformes, quando na realidade os modelos
de uns são completamente diversos dos de outrem.
Assistimos a um estigma global onde nos
realizamos em existências completamente carecidas de sentido e sentimento,
acomodadas a sonhos não materializados mas vinculativos até ao termo dos dias. Fantasias
perdidas, ideais corrompidos e uma vida apartada dos ideais, das ideias e dos sentimentos
que almejávamos cumprir, no intuito auto-realístico de exacerbar o ego.
E neste emaranhado equacional, o
amor…será que existe? …ou perdeu-se à nascença?
Ab Initio
idealizamos premissas idealísticas superiores, inflamadas e irreais, nas quais
cremos veementemente de forma quase devota e das quais não nos podemos apartar. Contudo, o tempo projecta-se em nós e o cognominado olvido (maneira
sub-reptícia de nos enganarmos), força-nos a acelerar por caminhos e trajectos distintos
aos delineados originalmente e passamos a viver noutro registo… consumimos as
“asas” que nos sustentavam no etéreo “mundo do amor” e completamos a queda para
o círculo menor…digamos que nos cometemos a uma escolha pela qual nunca
devíamos (por um sequer vislumbre momentâneo ter optado), pois, quando já não
nos temos que elevar no firmamento e olhar o nimbo pelo qual ansiávamos para
ascendermos ao limiar superior, vagueamos com um qualquer “demo” que nos agasta,
corrompe e consome emocionalmente, coexistindo num cosmos exasperado e exangue de
conformidade.
Destruímos, desta forma aviltante, a verdadeira
essência do eu, ao nos desencontrarmos porventura dessa deidade que ecoaria
no nosso ser como “panaceia” existencial, com interesses e desígnios semelhantes,
permutando-a por uma existência alternativa, ignóbil e sofrível numa permanência
ad
aeternum, culpados por não diligenciar com demora, espírito e talento o
que nos funde e liga, o Sentimento.
São, portanto, estes os desígnios da
mente, a eterna procura e a eterna mudança, porém…a razão perde-se onde o
Sentimento é… e o abstracto toma forma quando utilizamos esta sensibilidade
para moldar a nossa existência.
UnKnown Soldier
1 comentário:
Adorei.
Excelente apresentação!!
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