sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mitologia - Heróis * Édipo *


Laio, rei da cidade de Teba, casado com a bela Jocasta, foi advertido pelo oráculo (resposta que os deuses davam a quem os consultava) de que não poderia gerar filhos e que caso esse aviso fosse desobedecido, o seu destino era ser morto pelo próprio filho, ao mesmo tempo que muitas outras desgraças surgiriam no reino. A princípio, Laio não acreditou no oráculo, acabando por ter conceber um filho com Jocasta. Porém, quando a criança nasceu, cheio de remorsos e com medo da profecia, ordenou que o recém-nascido fosse abandonado numa montanha. O criado, encarregado de executar essa missão perfurou-lhe os pés com um gancho e amarrou-os de forma a poder a suspender o menino numa árvore. O edema provocado pela ferida é a origem do nome Édipo, que significa "pés inchados". Mas o menino Édipo não morreu, uma vez que alguns pastores que por ali passavam o encontraram-no, levando-o a presença do rei de Corinto, Polibo, o qual, por não ter filhos, embora fosse casado com a rainha Peribéia, o adoptou, criando-o como se fosse seu filho legítimo.

Já adulto e enquanto participava num banquete organizado pelo seu "pai", um coríntio referiu-se a ele como sendo filho adoptivo. Surpreso com tal revelação, viajou até ao oráculo de Delfos para conhecer o mistério do seu destino.

O oráculo não só não lhe deu uma resposta em concreto como deu ao jovem uma revelação aterrorizante, uma vez que o seu destino era matar o próprio pai e casar-se com a própria mãe. Espantado com essa profecia, Édipo decidiu deixar Corinto e rumar em direcção a Tebas, no intuito de evitar uma tragédia, fugindo desesperado e desorientado, deixando para trás Pólibo e Peribéia, os quais tomava de facto como seus pais verdadeiros.

No decorrer da sua viagem a caminho da Fócida, onde as estreitas estradas de Cáulis e Tebas se encontram e bifurcam, o pobre rapaz deparou-se com Laio e sua escolta, composta por quatro pessoas para além do rei: o arauto, um cocheiro e mais dois escravos. Laio, cheio de arrogância, ordenou-lhe que desse passagem ao rei de Tebas. Édipo não gostando da atitude desobedeceu-lhe e nem sequer fez o mínimo gesto para se apartar do caminho, o que levou a que um dos seus cavalos fosse executado pelo próprio rei, o que fez eclodir uma luta entre ambos. Ignorando a verdadeira identidade do rei, Édipo com o auxílio da bengala, que o amparava no caminhar, golpeou Laio com extrema violência acabando por matá-lo.

Sem saber que tinha morto o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas.

Lá chegado, deparou com a Esfinge, monstro que vinha desde a muito tempo a assolar a cidade. Descendente de uma família de monstros, sua mãe, Equidna, corpo de mulher e cauda de serpente, devorava todos os viajantes que dela se aproximavam. Ortro uniu-se a própria mãe, e dessa forma, tornou-se ao mesmo tempo pai e irmão da Esfinge.

Esfinge, misto de vários animais (cabeça e busto de mulher, as patas de leão, o corpo de cão, cauda de dragão e asas como as das Hárpias) tinha sido enviada por Hera à cidade de Tebas para punir o rei Laio, responsável pelo suicídio de Crísipo, filho de Pélops.

Instalada à entrada da cidade, mais precisamente no Monte Ficeu, propunha aos forasteiros que ali chegavam um enigma de grande complexidade e de difícil resolução e os que não fossem capazes de decifrá-lo eram sumariamente eliminados, sendo mortos e, por fim, devorados. O monstro já havia feito muitas vítimas e os habitantes estavam alarmados quando Édipo, procurando exílio, chegou à Tebas.

Propôs-se, então, a enfrentá-la tendo sido recebido por esta com a seguinte pergunta:

“Qual é o animal que pela manhã tem quatro pés, ao meio dia dois e à tarde três?”.

Ao que Édipo respondeu:

"É o homem. Pois na manhã da vida (infância) ele gatinha com pés e mãos; ao meio-dia (na fase adulta) anda sobre dois pés e à tarde (velhice) necessita das duas pernas e do apoio de uma bengala".

Como já previsto pelo destino no dia em que alguém lograsse decifrar seu enigma a Esfinge morreria, esta, precipitou-se do alto de um precipício e morreu espatifada contra os rochedos no solo.

Aclamado pela população agradecida, o povo tebano saudou Édipo como seu novo rei, e, por conseguinte, recebeu também a mão da rainha, Jocasta, em casamento.

Ignorando tudo, Édipo casou-se com a própria mãe, noutras palavras, Édipo cumpriu a segunda e última parte da sua profecia, pois ao casar-se com a rainha, desposava na verdade, sua própria mãe.

Do seu casamento com Jocasta foram gerados quatro filhos: Etéocles, Polinice, Antígona e Ismena.

O rei de Tebas reinou durante anos tranquilamente até o dia em que uma violenta peste se abateu sobre a cidade.Como habitualmente o oráculo, foi de novo consultado e revelou que a peste não findaria até que o assassino de Laio fosse banido definitivamente de Tebas.

Ao longo das investigações para descobrir o criminoso, a verdade foi esclarecida por Tirésias, o grande vidente cego, que trazido até a corte revelou a verdade sobre o crime e esclareceu a identidade e a história de Édipo. Jocasta, humilhada e sem poder suportar a vergonha, enforcou-se, pondo fim a sua vida e Édipo, ao lado do corpo de sua mãe, vazou os seus olhos, cegando-se.

Expulso da cidade por Etéocles e Polinice, partiu para o exílio acompanhado por Antígona que o guiou até a Ática, onde foi acolhido por Teseu.

Tempos depois, seus filhos e Creonte, irmão de Jocasta, tentaram convencê-lo a regressar a Tebas, uma vez que o oráculo havia predito que onde estivesse localizada a sua tumba, os deuses dedicariam especial protecção.

Inútil, porque Édipo, recusou-se terminantemente a realizar-lhes o desejo e viveu seus últimos dias exilado em Colona, localidade situada próximo à Atenas.

E, foi por esse motivo que esta cidade sempre logrou sair vitoriosa nas disputas contra Tebas.


1 comentário:

Anónimo disse...

Muito interessante o tema de hoje!

WHO AM I ???

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Wait until the war is over And we're both a little older The unknown soldier