quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Peter Murphy - Hit Song



Walking in the street
Breath the only friend
Strangers pass me by
I'm moving, moving with the wind
Inside me now, the gold
The gold at rainbows end
Stranger to myself, a stranger
Stranger till the end
Behind the closed door
The one we painted green
To remind me of the perfect plan

Wash my face in fields of green
Take me to the stars for free
Point me to the high wire call
Wake me true and wake me all

Walk me in the streets
Take me, to a view on high
To an empire state
Tease, tease and bake me dry
Swerve and turn on me
Melt me, melt me to the wall
Like an unspeant fortune, I'm running
Running with the call
Behind the closed door
The one we painted green
To remind me of a perfect plan

Wash my face
In fields of green
Take me to the stars for free
point me to the high wire call
Wake me true and wake me all

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Jogo da Semana *Assassin's Creed*


Na senda de divulgação de jogos, que embora já tenham já saído há algum tempo se mantém num nível acima da média, trago esta semana à luz da ribalta o jogo: Assassin's Creed.

Assassin's Creed é um jogo de acção na terceira pessoa que nos faz encarnar em Altaïr (águia a voar, em árabe), um membro duma seita de assassinos denominada por Hashsashin.
A nossa missão reside em eliminar 9 figuras responsáveis pela terceira cruzada, desenrolando-se a acção nas cidades de Damasco, Jerusalém e Acre. Para sermos bem sucedidos como Altaïr, temos que usar várias armas tais como espadas, bestas e facas, bem como destreza e agilidade para escalar edifícios, fugir de cruzados e até mesmo ser perspicaz o suficiente para nos esconder-mos nos momentos mais difíceis.
Um aspecto fundamental no jogo é a sua inteligência artificial, capaz de retratar quase na perfeição a interacção entre as pessoas na rua, mantendo as suas características individuais. Podendo estas reagir de inúmeras maneiras de acordo com as atitudes por nós tomadas, isto é, ao matarmos um guarda, alguns dos seus camaradas de armas perseguir-nos-ão até a morte enquanto outros fugirão como covardes.
Neste mundo com abundantes variáveis em causa são nos propiciadas inúmeras possibilidades de agir furtivamente, evitando atrair atenções indesejadas, não nos limitando a seguir um caminho linear, antes pelo contrário, existe um mundo rico em detalhes e vasto para explorar. Outras características notáveis de Assassin's Creed são os gráficos de última geração, a jogabilidade inovadora e realista, bem como alguns aspectos sonoros que desempenham um papel fundamental no desenrolar da trama, tais como, por exemplo, prestar atenção a conversa de estrangeiros no intuito de descobrir os seus planos.

Com esta enorme panóplia de atributos de qualidade, este jogo marcou uma nova era nos jogos de consolas e é na minha singela opinião um daqueles que deve marcar presença na colecção de muitos jogadores, até mesmo na daqueles que não ligam muito aos jogos de acção.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sabedoria


"Neste mundo poucos são os que nascem com conhecimento: a sabedoria é produto de ardente meditação."

"Crónicas do Japão" in Textos Xintoístas

sábado, 26 de setembro de 2009

A Sabedoria do Corpo


Tu dizes «eu» e orgulhas-te desta palavra. Mas há qualquer coisa de maior, em que te recusas a aceditar, é o teu corpo e a sua grande razão; ele não diz Eu, mas procede como Eu.
Aquilo que a inteligência pressente, aquilo que o espírito reconhece nunca em si tem o seu fim. Mas a inteligência e o espírito quereriam convencer-te que são o fim de todas as coisas; tal é a sua soberba.
Inteligência e espírito não passam de instrumentos e de brinquedos; o Em si está situado para além deles. O Em si informa-se também pelos olhos dos sentidos, ouve também pelos ouvidos do espírito.
O Em si está sempre à escuta, alerta; compara, submete; conquista, destrói. Reina, e é também soberano do Eu.
Por detrás dos teus pensamentos e dos teus sentimentos, meu irmão, há um senhor poderoso, um sábio desconhecido: chama-se o Em si. Habita no teu corpo, é o teu corpo.
Há mais razão no teu corpo do que na própria essência da tua sabedoria. E quem sabe por que é que o teu corpo necessita da essência da tua sabedoria?

Friedrich Nietzsche, in "Assim Falava Zaratustra"

Mitologia - Heróis *Jasão e os Argonautas*

"Jasão entrega o tosão de ouro a Pélias"

A lenda é provavelmente mais antiga do que a Ilíada e a Odisseia, mas chega até nós através do poema épico muito posterior, “Argonáutica” do alexandrino Apolônio de Rodes. Esão, filho e sucessor do rei Creteu, foi despojado do trono pelo seu meio irmão Pélias, filho de Tiro e Poseidon, tendo Jasão, filho de Esão sido enviado para a Tessália com intuito de ser educado pelo centauro Quirón e de se manter longe do trono. Contudo, Jasão (A palavra está ligada etimologicamente ao conceito de cura), ao completar vinte anos, decidiu reivindicar o poder que por direito lhe pertencia. Noutra versão, Pélias recebeu interinamente o poder de Esão até que Jasão se tornasse adulto. De qualquer forma, ao completar a maioridade, o herói decidiu retornar a Iolco e quando lá chegou encontrou a cidade em festa.
O rei ao vê-lo, embora não o reconhecesse, suspeitou do estrangeiro ao lembrar-se do oráculo que lhe havia predito sobre a ameaça vinda de um homem de apenas uma sandália. Jasão assim se apresentava, pois havia perdido uma das suas sandálias durante a viagem, ao atravessar um rio de forte corrente. Apavorado com a previsão do oráculo e já ciente das intenções do sobrinho, resolveu eliminar o inimigo.
Para tanto, incumbiu, Jasão de capturar em longínquas terras o Velocino (tosão) de Ouro, pois sabia que tal provação tinha em si encerrada um alto grau de periculosidade, era um empreendimento que praticamente significava uma condenação à morte, mas Jasão, herói por excelência, não se deteve e partiu, chefiando outros heróis numa grandiosa nau, denominada Argos, denominando-se assim por Argonautas.
Os Argonautas eram em número aproximado de cinquenta, e, apesar das fontes diferirem no que concerne os seus nomes, os principais personagens estão claros: O rol incluía o próprio Jasão, bem como Argo, construtor do navio de mesmo nome; Tífis, o timoneiro; Orfeu, o músico; Zeto e Calais, filhos do Vento Norte; os irmãos de Helena, Cástor e Pólux; Peleu, pai de Aquiles; Meléagro da Caledônia, famoso caçador de javalis; Laerte e Autólico, pai e avô de Ulisses; Admeto, que mais tarde deixaria sua esposa morrer em seu lugar; Anfiarau, o profeta e ainda na primeira parte da jornada, o próprio Hércules; ao lado deste desfile de nomes famosos, havia uma hoste de muitos outros heróis.
O navio, o Argo, cujo nome significa "Rápido", foi construído no porto de Pagasse na Tessália e era feito quase na sua totalidade por madeira do Monte Pélion, sendo a sua excepção a proa, a qual era uma parte de um carvalho sagrado trazido pela deusa Atena do santuário de Zeus em Dodona. Diz-se que esta peça de carvalho era profética podendo falar em determinadas ocasiões. O Argo era o mais veloz navio até então construído e zarpou com augúrios favoráveis rumo a norte, em direcção ao Mar Negro.
Na sua jornada para Cólquida, a sua tripulação encontrou-se perante inúmeras aventuras, em Mísia perderam Aquiles, outro membro da tripulação, um belo jovem chamado Hilas foi à procura de água fresca para uma festa, não voltando mais ao navio (As ninfas da fonte que ele tinha encontrado fizeram com que se apaixona-se pela sua beleza, sequestraram-no e afogaram-no), mesmo assim Hércules recusou-se a interromper a procura, levando o Argo a partir sem ele. Na margem grega do Bósforo, os Argonautas, encontraram Fineu, um visionário cego e filho de Poseidon, amaldiçoado pelos deuses de forma terrível (Sempre que se sentava para comer, era visitado por uma praga de Harpias (terríveis criaturas, parte mulher e parte ave), que pegavam parte do alimento com seus bicos e garras e estragavam o restante com seu excremento). Os Argonautas foram então em auxílio de Fineu e armaram uma armadilha a estes monstros, convidaram-no a partilhar a sua mesa e quando as Harpias surgiram os filhos alados do Vento Norte sacaram das suas espadas perseguiram-nas até que exaustas prometeram desistir de perseguir Fineu.
Em forma de agradecimento, Fineu, revelou-lhes, então, tudo o que vislumbrava relativamente à viagem que eles tinham encetado: o principal perigo que iriam enfrentar seriam as rochas movediças e a solução para este problema residia no seguinte: quando lá chegassem deveriam enviar em primeiro lugar uma pomba, e caso esta encontrasse a passagem entre as rochas, então o Argo também conseguiria fazer a travessia, mas se a pomba falhasse, deveriam desviar o barco, pois a missão estaria condenada ao fracasso. E, assim foi, quando lá chegaram enviaram a pomba a qual conseguiu passar a salvo pelas rochas, deixando apenas sua pena mais longa da cauda nas rochas, desta forma, o Argo, também atravessou o estreito canal, sofrendo apenas leves estragos nas amuradas da popa, sem outras aventuras significativas os Argonautas chegaram a salvo a Cólquida.
Quando Jasão explicou a razão de sua vinda, o rei Eestes estipulou que antes que pudesse remover o Velocino de Ouro, deveria superar algumas provas, as quais consistiam em atrelar dois touros de cascos de bronze e que respiravam fogo (presente do deus Hefesto), a um arado e de seguida deveria semear alguns dentes do dragão que Cadmo tinha morto em Tebas (Atena tinha dado estes dentes a Eestes), quando homens armados surgissem da sementeira, devia destruí-los. Jasão viu-se na obrigação de concordar com todas estas condições, mas teve a sorte de contar com a ajuda da filha do rei, Medeia, que era feiticeira. Medeia, porém, fez Jasão prometer de antemão caso superasse as provações a levaria para Iolco como sua esposa ao que este aquiesceu.
Ela deu-lhe então uma poção mágica para ungir o seu corpo e polir o seu escudo de forma a torna-lo invulnerável a qualquer ataque, fosse ele realizado quer com fogo ou quer com ferro. Após ter atrelado os touros e semeado os dentes de dragão e se preparava para defrontar os homens armados após a safra, Medeia, orientou-o e explicou-lhe que deveria atirar pedras para o meio deles, de forma a que se atacassem entre si e não a ele, acabando assim armado e orientado por ser foi bem sucedido na globalidade das tarefas. Eestes, de alguma forma surpreso pelas façanhas do seu hóspede, continuava relutante em entregar o tosão, e tentou mesmo atear fogo ao Argo e matar a tripulação, só que o desenrolar da história deu-se de outra forma pois Medeia tinha dado um soporífero a serpente guardiã e Jasão pôde rapidamente remover o Velocino de Ouro do bosque sagrado, e juntamente com os restantes dos Argonautas partir silenciosamente para o alto mar.
Quando Eestes se apercebeu da ausência tanto da sua filha como do Velocino, efectuou uma perseguição noutro barco, mas mesmo isto tinha sido previsto por Medeia, que tendo trazido consigo o seu jovem irmão, Absirto, o sacrificou e cortou em pequenos pedaços, os quais atirou ao mar. Tal como tinha antecipado, Eestes parou para recolher os inúmeros pedaços e o Argo ganhou distância mas acabou por se desviar da rota porque Zeus , revoltado com a natureza do crime praticado por Medeia, enviou uma tempestade que atingiu a embarcação.
Havia necessidade de se purificar de tão hediondo crime e por isso atracaram no reino de Circe, feiticeira que através das suas magias e encantamentos os purificou, aplacando a ira do grande deus. Contudo, quando chegaram ao reino dos Feaces na ilha de Corcira, os argonautas depararam-se com uma situação bastante desfavorável, Eetes, inconformado com a morte do filho e com a fuga da princesa, enviou uma nau encarregada de trazer de volta a princesa e os seus súbditos pressionavam o rei Alcino para que este lhes entregasse a princesa logo que o Argo ancorasse no seu reino. Arete, a rainha, sabendo das intenções do marido e de devolver Medeia caso ela fosse virgem, providenciou o casamento dos jovens às escondidas.
A rota da jornada de volta do Argo tem desconcertado muitos estudiosos, pois ao invés de retornar através do Helesponto, Jasão deixou o Mar Negro através do Danúbio, o qual miraculosamente lhe permitiu emergir no Adriático, mesmo assim e não satisfeito com esta realização, o Argo continuou a velejar subindo o rio Pó e o Reno, antes de encontrar a sua rota mais familiar nas águas do Mediterrâneo, sem esquecer que em qualquer paragem que fizessem, os Argonautas, defrontavam-se com as mais fantásticas aventuras.
Em Creta, por exemplo, encontraram o gigante de bronze Talo, uma criatura feita por Hefesto para actuar como uma espécie de sistema mecânico de defesa costeira para Minos, rei de Creta. Talo deveria caminhar a volta de Creta três vezes por dia, mantendo os navios afastados, sendo isto feito com a remoção de pedaços de penhascos os quais eram arremessados a qualquer navio que tentasse se aproximar sem autorização. Talo era invulnerável, exceptuando uma veia no seu pé, que caso fosse danificada a sua força vital acabaria por se exaurir. Uma vez mais Medeia foi crucial, pois conseguiu drogá-lo para que Talo ficasse insano e se atirasse contra as rochas o que se acabou por se saldar no dano irreversível da referida veia e a causa da sua morte.
Quando Jasão finalmente retornou a Iolco, casou-se com Medeia e dirigiu-se a Pélias, que ao ver chegar o chefe dos Argonautas com o Velocino de Ouro, se recusou a honrar sua palavra e lhe devolver o trono. Encolerizado, Jasão clamava por vingança, porque além de lhe negar o poder sobre Iolco, o rei, tinha-se aproveitando da sua ausência e induzido os seus pais ao suicídio, tendo em seguida assassinado o seu irmão Promaco. Mais uma vez, Medeia, veio em seu auxílio e para vingá-lo, fez com que as filhas do rei acreditassem ser possível devolver a juventude de seu velho pai Pélias (demonstrando os seus poderes de rejuvenescimento misturando várias substâncias num caldeirão com água a ferver, matou e picou um velho carneiro, atirando-o para o caldeirão, do qual emergiu imediatamente um jovem carneiro. Entusiasmadas e com a melhor das intenções, as filhas de Pélias apressaram-se em cortá-lo em pedaços e jogá-lo no caldeirão, infelizmente para elas apenas conseguiram apressar seu fim). Considerados culpados de tão horrendo parricídio, Jasão e sua mulher foram banidos de Iolco e exilados em Corinto.
Jasão e Medeia viveram felizes por pelo menos dez anos e tiveram dois filhos. Porém, a gratidão é um crime imperdoável para os deuses e o herói esqueceu-se de tão importante preceito quando envergonhado de Medeia a repudiou para se casar com Creúsa, filha do rei de Corinto, Creonte. Humilhada e rejeitada pelo marido, Medeia conspirava vingança e simulando humildade, enviou um magnífico traje à rival que movida por extrema vaidade o vestiu. Imediatamente a princesa começou a consumir-se em fogo, pois nem o tinha terminado de vestir, o vestido começou a arder em chamas. Creúsa gritava desesperada de dor e seu pai, apavorado, tentava inutilmente livrá-la da indumentária maldita, juntamente com o pai, Creúsa morreu queimada. Ainda não satisfeita, Medeia, assassinou seus filhos tidos com Jasão, fugindo à seguir para Atenas.
Existem muitas versões para o final de Jasão. Na primeira delas, o herói, desesperado suicida-se. Noutra, quando descansava sob a sombra de Argos, morre esmagado pela popa do próprio navio. Há ainda outra versão segundo a qual se alia a Peleu e assume enfim o poder em Iolco.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A União entre o Espírito e a Beleza


Há uma beleza espiritual e há outra beleza que fala aos sentidos. Certas pessoas pretendem que o belo pertence exclusivamente ao campo dos sentidos, separando dele por completo o espiritual, de modo que o nosso mundo apresente uma cisão entre os dois. Nisso também se baseia o ensinamento verídico: «Apenas por dois modos a felicidade é cognoscível em todo o Universo: a que nos vem das alegrias do corpo e a que nos vem da paz redentora do espírito». Desta doutrina, no entanto, segue-se que o espiritual não se acha, para o belo, na mesma relação em que o belo se encontra para com o feio e que, só em certas condições, se confunde com este.

O espiritual não é sinónimo de beleza pelo conhecimento e pelo amor do belo, amor este que se exprime em beleza espiritual. Tal amor, em absoluto, não é absurdo ou sem esperança, pois, pela lei da atracção dos opostos, o belo por sua vez anseia pelo espiritual, admirando-o e recebendo-lhe com agrado a corte. Este mundo não está constituído de tal modo que o espírito esteja fadado a amar apenas o espiritual, nem a beleza unicamente votada a procurar o belo. Na verdade, o próprio contraste entre os dois indica, com clareza ao mesmo tempo espiritual e bela, que a meta do mundo é a união entre o espírito e a beleza, isto é, uma felicidade não mais dividida porém total e consumada.

Thomas Mann, in 'As Cabeças Trocadas'

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

U2 - Walk On


And love is not the easy thing
The only baggage that you can bring...
And love is not the easy thing...
The only baggage you can bring
Is all that you can't leave behind

And if the darkness is to keep us apart
And if the daylight feels like it's a long way off
And if your glass heart should crack
And for a second you turn back
Oh no, be strong

Walk on, walk on
What you got they can't steal it
No they can't even feel it
Walk on, walk on...
Stay safe tonight

You're packing a suitcase for a place none of us has been
A place that has to be believed to be seen
You could have flown away
A singing bird in an open cage
Who will only fly, only fly for freedom

Walk on, walk on
What you've got they can't deny it
Can't sell it, or buy it
Walk on, walk on
Stay safe tonight

And I know it aches
And your heart it breaks
And you can only take so much
Walk on, walk on

Home... hard to know what it is if you've never had one
Home... I can't say where it is but I know I'm going home
That's where the hurt is

I know it aches
How your heart it breaks
And you can only take so much
Walk on, walk on

Leave it behind
You got to leave it behind
All that you fashion
All that you make
All that you build
All that you break
All that you measure
All that you feel
All this you can leave behind
All that you reason
All that you sense
All that you speak
All you dress-up
All that you scheme...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Jogo da Semana *Uncharted: Drake's Fortune*




É sempre bom relembrar bons jogos e dar a conhece-los a todos aqueles que ainda não tiveram oportunidade de os jogar ou ter contacto com eles, assim o jogo desta semana é: Uncharted: Drake's Fortune.

Uncharted: Drake's Fortune é um jogo de aventuras jogado na terceira pessoa que nos remete directamente para a lembrança as aventuras de Lara Croft na épica série de jogos Tomb Raider. O jogo apresenta-se com uma jogabilidade simples, uma apresentação gráfica cativante e com uma história envolvente onde o jogador, um aventureiro nato, procura tesouros ocultos numa ilha cheia de mercenários que compartilham o mesmo interesse do protagonista — Drake.
Ao contrário do que acontece noutros jogos do mesmo género, tais como Far Cry, Drake deve fazer uso constantemente da sua capacidade de esquiva e de se esconder em obstáculos, uma vez que Drake's Fortune exige a busca por protecção contra tiros a todo momento, numa mecânica de jogo que nos transporta para outro jogo já transformado num clássico, Gears of War.
A qualidade gráfica apresenta muitos elementos dinâmicos, tais como folhas e poeira flutuantes, elementos que enriquecem o cenário. Quanto ao uso do sensor de movimento, SIXAXIS, será apenas utilizado nalguns momentos, como é o caso em que Drake se deve equilibrar durante a travessia de obstáculos em cima de troncos.
Uncharted: Drake's Fortune é um título exclusivo para Playstation 3.



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Contemplo o que não Vejo



Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.

Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.

Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

domingo, 20 de setembro de 2009

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo


No ano 1118, Jerusalém era um território cristão e nove monges veteranos da primeira Cruzada, entre os quais se encontravam, Hugo de Payens, Cavaleiro de Burgúndia e Godofredo de Saint Omer, dirigiram-se ao rei de Jerusalém, Balduíno II e anunciaram a intenção de fundar uma ordem de monges guerreiros (a qual viria a ser fundada a 12 de Junho de 1118).
O propósito para a existência da Ordem era salvaguardar dentro das suas possibilidades, os peregrinos que se deslocavam da Europa para os territórios cristãos do Oriente, encarregando-se da sua segurança. Ao ingressarem na Ordem todos os membros fizeram votos de pobreza pessoais, obediência e castidade passando o seu símbolo a ser representado por um cavalo montado por dois cavaleiros (alusão a pobreza da Ordem).
Os denominados Pobres Cavaleiros de Cristo tiveram autorização para se instalarem numa parte do palácio que foi cedida por Balduíno II, lugar que outrora havia sido o Templo de Salomão, em Jerusalém, daí ficarem conhecidos como "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão", Cavaleiros do Templo ou Cavaleiros Templários graças ao local da sua sede, do voto de pobreza e da fé em Cristo.
São Bernardo de Clairvaux, fundador da Ordem de Cister, foi o patrono dos Templários, pois ao necessitar da Ordem enviou uma carta a Hugo de Payens pedindo a cooperação para reabilitar os "ladrões, sacrílegos, assassinos, perjuros e adúlteros", porém que estivessem dispostos a alistar-se nas fileiras das Cruzadas para libertação da Terra Santa.
Encorajado, desta forma, por um dos mais influentes personagens de sua época, Hugo de Payens, partiu para o Concílio de Troyes, em 1127 sob o patrocínio e protecção de S. Bernardo apresentando a Regra escrita por este último e que era pertença da irmandade, a qual seguia até determinado ponto a Regra da Ordem Cistercense. O Papa Honório II autorizou a condição de Ordem, concedendo um hábito branco com uma cruz vermelha no peito mas a carta constitutiva da Ordem, que a estabeleceria definitivamente, só lhe foi outorgada em 1163 pelo Papa Alexandre III.
A sua divisa foi extraída do Livro dos Salmos: "Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam" (Salmo 115,1) que significa "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória".
A Ordem desenvolveu uma estrutura básica e organizou-se numa hierarquia composta desde sacerdotes até soldados. No seu período áureo, foi constituída por vários graus hierárquicos, sendo o seu “patamar” mais importante o dos Cavaleiros, pela sua vertente militar.
Na sua recepção, os Cavaleiros juravam observar os três preceitos da Ordem, a pobreza, a castidade e a obediência, tal qual os membros das demais Ordens da Igreja. Em geral os Cavaleiros eram descendentes de personalidades de alta estirpe, tinham por direito, três cavalos, um escudeiro e duas tendas.
Na Ordem também eram aceites homens casados, mas tinham como condição legar à Ordem metade das suas propriedades, não se admitiam em quaisquer circunstâncias mulheres. Hierarquicamente a seguir aos Cavaleiros vinha um corpo de Clérigos, incluindo Bispos, Padres e Diáconos, sujeitos aos mesmos votos dos Cavaleiros, e que por especial dispensa não rendiam obediência a nenhum superior eclesiástico ou civil, a não ser o Grão-Mestre do Templo e ao Papa. Instituiu-se que as confissões dos irmãos da Ordem deviam ser ouvidas somente por clérigos especiais, e assim permaneciam invioláveis os seus segredos. Também havia duas classes de Irmãos Servidores, os criados e os artífices. A hierarquia administrativa da Ordem era formada pelo Grão-Mestre, o Senescal do Templo, o Marechal como autoridade suprema em assuntos militares, e os Comendadores sob cuja direcção estavam as Províncias.

Hierarquia da Ordem

Grão-Mestre: Era o Comandante supremo da ordem tanto em assuntos diplomáticos como em assuntos militares. Só respondia perante a autoridade papal;

Couvenant: Assembleia plenária de todos os membros quando se trata de ir combater ou assistir a solenidades religiosas; mas é naturalmente uma assembleia restrita (elitista) para os membros mais próximos do topo hierárquico da Ordem quando se trata de discutir questões de total importância;

Senescal: Conselheiro e diplomático, este substitui o grão-mestre aquando da sua ausência;

Marechal: Chefe encarregado das acções militares, era o comandante do exército templário;

Chefe do Reino de Jerusalém: Encarregado do reino de Jerusalém nos assuntos da Ordem era na sua essência um comandante militar;

Chefe da cidade de Jerusalém: Encarregado da cidade de Jerusalém era um comandante com deveres diplomáticos (responsável pela diplomacia com o rei de Jerusalém), responsável pelos templários dentro da cidade (respondia por estes);

Chefe de Tripoli e de Antioquia: Encarregado de Tripoli e de Antioquia nos assuntos da Ordem era na sua essência um comandante militar e acumulava também funções diplomáticas;

Chefes das Províncias Europeias: Encarregados das Províncias Europeias nos assuntos da Ordem eram na sua essência comandantes militares e acumulavam também funções diplomáticas;

Comandantes: Preceptores das províncias principais Europeias ou do Outremer;

Mestres: Encarregados da Ordem nalguns reinos na esfera militar e diplomática. Na hierarquia respondiam ao Preceptor/Comandante nos assuntos (recrutamento, necessidade de tropas, logística da Ordem) internos;
Drapier: estavam encarregues das roupas dos Templários;

Chefe da casa: Encarregado das diferentes casas (comendas, castelos, terras, fortalezas), respondia perante o Mestre e o Preceptor;

Chefe dos cavaleiros: Encarregado do treino e observância dos Irmãos cavaleiros e Sargento do Mosteiro (muitas vezes este chefe já teria servido no Outremer);

Irmãos cavaleiros e Sargento do Mosteiro: Estes eram o núcleo da Ordem, os que usavam a túnica branca com a cruz vermelha. Cada um equipado com os três cavalos e armas. O sargento era muitas vezes (apesar de hierarquicamente estar ao mesmo nível dos Irmãos cavaleiros) um cavaleiro impossibilitado de combater ou por doença, feridas de guerra, ou porque aquando do seu ingresso na Ordem foi destacado para esse lugar;

Turcoplier: Comandante dos Irmãos/Sargento aquando da batalha;

Sub/marechal (um Sargento): Responsável pelo aprovisionamento das tropas e seus equipamentos;

Portador padrão: Portador do Beu-Sant era um dos Irmãos cavaleiros que o carregava e estava impedido de o usar como arma, deixá-lo cair para salvar a sua vida ou baixá-lo de modo a não ser um alvo;
Irmão/Sargento: Estes irmãos não necessitavam de uma ascendência nobre usavam a túnica castanha e lutavam a pé com as armas típicas de qualquer infantaria, o que os distinguia de qualquer infantaria normal era a sua cor castanha com a cruz de lado;

Irmãos Rurais ("Fréres Casalieres"): Viviam nas comendas e trabalhavam a terra;

Irmão Assistente de Doentes ("Fréres Infermiers"): Irmão encarregado dos doentes, era uma espécie de supervisor e médico da saúde dos outros irmãos na Ordem;

Turcopolos: Tropas locais do Outremer, eram forças mercenárias ou mesmo ofertas de senhores locais para apoio e defesa.

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Por esta altura, a Ordem já não era constituída apenas por religiosos mas principalmente por burgueses, o que levava a que os Templários se sustentassem através de uma imensa fortuna que provinha de doações dos vários reinos. Durante um período de quase dois séculos, a Ordem foi a maior organização Militar/Religiosa do mundo, as suas actividades já não estavam restritas aos objectivos iniciais, os soldados templários recebiam treino bélico, combatiam ao lado dos cruzados na Terra Santa, conquistavam terras, administravam povoados, extraíam minério, construíam castelos, catedrais, moinhos, alojamentos e oficinas, fiscalizavam o cumprimento das leis, intervinham na política europeia, além de se aprimorarem no conhecimento da medicina, astronomia e matemática. Houve até mesmo a criação de um sistema semelhante ao dos bancos monetários actuais, os peregrinos ao iniciarem a viagem para a Terra Santa, trocavam o seu dinheiro por uma carta de crédito nominal que lhe dava o direito a ser restituído do seu dinheiro em qualquer posto templário, estando desta forma os seus bens seguros da acção de saqueadores. O poder dos Templários tornou-se maior que a Monarquia e a Igreja.
Só que as várias derrotas das Cruzadas no século XIII, comprometeram a actividade principal dos Templários, e a existência de uma Ordem Militar com tais objectivos já não era necessária. Depois da tomada de Jerusalém pelos Muçulmanos em 1291, adveio a queda do Reino Latino, o quartel-general da Ordem foi transferido da Cidade Santa para Chipre, e Paris passou à categoria de seu principal centro na Europa. É certo que esta derrota das Cruzadas, em que o túmulo de Cristo caiu nas mãos dos "infiéis", abalou a posição dos Templários, como das demais Ordens Militares, mas ninguém poderia prever o seu fim brusco e trágico. Conservando-se ainda poderosamente rica, credora do Papa e da corte da França, as suas posses passaram a ser avidamente cobiçadas.
Neste mesmo período, o Rei Felipe IV, O Belo, detentor dos destinos de França era um monarca sui generis, bastante diferente da maioria dos outros que se subjugavam à Igreja. Felipe instrumentalizava tudo e todos ao seu redor e arrolava-se em campanhas aliadas ao Clérigo, em troca de benefícios políticos, contudo a sua situação não era a melhor apresentando-se num “quadro” bastante difícil e precário, uma vez que devia terras e imensas somas em dinheiro, sendo os seus principais credores, os Templários. Assim, Felipe IV, necessitava urgentemente de dinheiro e após ter confiscado os haveres dos banqueiros lombardos e judeus e os ter expulso do país, voltou a sua cobiça para o “assunto” dos Templários.
Nesta situação imaginou um golpe astucioso, horrível e tenebroso propondo ao arcebispo, Beltrão de Got, uma troca de favores, isto é, o monarca usaria a sua influência para que o religioso se tornasse Papa e este por sua vez, comprometer-se-ia a exterminar a Ordem dos Templários assim que alcançasse o papado (uma vez que apenas um Papa possuía poder político para fazê-lo).
No ano de 1305, Beltrão de Got é eleito em Concilio para o Trono de São Pedro tomando como nome, Clemente V. Era chegada a altura de retribuir o favor da sua posição em Avinhão graças às intrigas do rei e assim, o Papa Clemente V, deu a sua aquiescência ao plano de Filipe IV, dando imediatamente início a perseguição da Ordem dos Templários levantado acusações contra os cavaleiros e perseguindo-os implacavelmente por toda a Europa. Para auxiliar na macabra tarefa de descredibilização surgiu um ex-Cavaleiro da Ordem, Esquieu de Floyran, o qual, pessoalmente interessado na desmoralização da mesma, levantou as mais duvidosas acusações, tais como heresia, idolatria, homossexualismo e conspiração com infiéis. Essas acusações foram sofregamente aceites por Felipe IV, que, numa sexta-feira, 13 de Outubro de 1307, mandou prender todos os Templários da França e o seu Grão-Mestre, Jacques DeMolay, os quais, submetidos à Inquisição, foram por acusados de hereges. Por meio de inomináveis torturas físicas, infligidas a ferro e fogo, foram arrancadas desses infelizes as mais, contraditórias confissões.
Em Portugal, o rei D. Dinis não aceitou as acusações e funda a Ordem de Cristo para a qual passam alguns Templários. Na Inglaterra, o rei Eduardo II, que não concordara com as acções de seu sogro Felipe, ordena uma investigação cujo resultado proclama a inocência da Ordem, levando a que quer na Inglaterra, na Escócia e na Irlanda os Templários se distribuíssem pela Ordem dos Hospitalários, pelos mosteiros e abadias. Em Espanha, o Concílio de Salamanca, declara unanimemente que os acusados são inocentes. Na Alemanha, Itália e Suíça, os Cavaleiros foram declarados inocentes ficando em liberdade mas a Ordem foi suprimida.
O Papa, desejoso de aniquilar a Ordem, convocou um concílio em Viena, em 1311, com esse fim, mas os Bispos presentes recusaram-se a condená-la à revelia, o que provocou consequentemente nova acção de Clemente V convocando um consistório privado a 22 de Novembro de 1312, abolindo a Ordem, embora admitindo a falta de provas das acusações.
As riquezas da Ordem foram confiscadas em benefício da Ordem de São João, porém foi clara a enorme soma dada da parcela francesa para os cofres do rei da França, Felipe, o Belo.
A tragédia atingiu seu ponto culminante em 18 de Março de 1314, quando o Grão-Mestre do Templo, Jacques DeMolay, e Godofredo de Charney, preceptor da Normandia, foram publicamente queimados no pelourinho diante da catedral de Notre Dame, ante a turba, como hereges impenitentes.
Diz-se segundo a lenda, que agonizante no meio das chamas, o Grão-Mestre dos Templários ao ser envolto e devorado na pira, voltou a cabeça em direcção do local onde se encontrava o rei e imprecou: "Papa Clemente, cavaleiro Guilherme de Nogaret, Rei Felipe... Convoco-os ao Tribunal dos Céus antes que termine o ano, para recebam vosso justo castigo. Malditos... Malditos... Malditos... Sereis malditos até treze gerações...", e terminou dizendo que se os Templários tivessem sido injustamente condenados, o Papa morreria no máximo em 40 dias e o Rei dentro de um ano. O Papa morreu 33 dias após a execução de DeMolay e o Rei em pouco mais de 6 meses.
Em toda a Europa, a Ordem dos Templários foi oficialmente extinta, os seus bens, o seu imenso contingente como exército e a sua estrutura foram diluídos noutras Ordens menos expressivas, actualmente, a Ordem Rosa Cruz e a Maçonaria consideram-se herdeiros directos dos Cavaleiros Templários.
No entanto, a destruição da Ordem não acarretou a supressão completa dos seus ensinamentos mais profundos e a sua mística permaneceu viva através dos seis séculos e meio às fogueiras de Notre Dame, e palpita indubitavelmente no corpo e no espírito da Maçonaria e da Ordem DeMolay.

sábado, 19 de setembro de 2009

A Dieta do Génio


"Os meios de que Júlio César se serviu para se defender das doenças e das dores de cabeça: grandes caminhadas, um modo de vida simplíssimo, permanência constante ao ar livre, fadigas contínuas — estas são, em grandes traços, as regras de conservação e defesa geral contra a extrema vulnerabilidade dessa máquina subtil, e que trabalha a uma altíssima pressão, chamada génio."


Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos"

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mitologia IV


A história mitológica do mundo pode ser dividida em 3 ou 4 grandes períodos:

  1. Mito da origem ou da Era dos deuses: é a teogonia, o nascimento dos deuses, os mitos sobre a origem do planeta, dos deuses e da raça humana.
  2. Era em que os homens e os deuses se misturam livremente: histórias das primeiras interacções entre deuses, semi-deuses e mortais juntos.
  3. Era dos heróis (era heróica), onde a actividade divina ficou mais limitada. As últimas e maiores lendas heróicas são da Guerra de Tróia e suas consequências (consideradas por alguns investigadores como um quarto período separado).
Embora a Era dos deuses seja um alvo frequente de interesse para os alunos contemporâneos da mitologia grega, os autores arcaicos e clássicos possuíam uma clara preferência pela Era dos heróis. As heróicas Ilíada e Odisseia, por exemplo, estavam e ainda se encontram actualmente sobre maior destaque que a Teogonia e que os hinos homéricos – e prevaleceram em popularidade e continuidade. Sob a influência de Homero, o culto heróico conduziu uma reestruturação na vida espiritual, expresso na separação entre o reino dos deuses do reino dos mortos (heróis), e dos deuses olímpicos dos ctónicos.
Na obra, “O Trabalho e Os Dias”, Hesíodo organiza um esquema de quatro eras dos homens (ou Raças): de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estas raças ou eras são criações separadas dos mitos dos deuses, correspondendo a Era Dourada ao reino de Cronos e sendo as seguintes eras criações de Zeus.
Hesíodo intercalou a Era (ou Raça) dos heróis pouco depois da Idade do Bronze. A última idade foi a Idade do Ferro. Em “Metamorfoses”, Ovídio também segue o mesmo conceito de Hesíodo e apresenta essas quatro idades.


A gama de personagens, seres e ambientes que formam a Mitologia grega podem ser separados em três partes, sendo a última um apêndice para a literatura mitológica, de onde conseguimos grande parte das informações sobre os mitos:

  1. Raças, divindades, criaturas; personagens em geral, que abrange os Ventos, Centauros, Ctónicos, Ciclopes, Dragões, Erínias, Gigantes, Górgonas, Hecatônquiros, Harpia, Musas, Moiras, Mortais, Ninfas, Deuses olímpicos, Deuses primordiais, Sátiros e Titãs. Aqui também são incluídos os heróis: Héracles, Aquiles, Odisseu, Jasão, Argonautas, Perseu, Édipo, Teseu e Triptolemos.
  2. Lugares, que abrange os ambientes em que essas figuras, na imaginação dos gregos, viveram suas aventuras, que são Delfos, Delos, Olímpia, Hades (reino), Atlântida, Olimpo, Tróia, e Temiscira.
  3. Literatura mitológica clássica, inclui o estudo da literatura antiga grega, que contou com nomes como Homero, que incluía na sua narrativa a crença a deus.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vida


"Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida."

Pessoa, Fernando in "Livro do Desassossego"

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Depeche Mode - Shake the Disease




I'm not going down on my knees,
Begging you to adore me
Can't you see it's misery
And torture for me
When I'm misunderstood
Try as hard as you can, I've tried as hard as I could
To make you see
How important it is for me

Here is a plea
From my heart to you
Nobody knows me
As well as you do
You know how hard it is for me
To shake the disease
That takes hold of my tongue
In situations like these

Understand me

Some people have to be
Permanently together
Lovers devoted to
Each other forever
Now I've got things to do
And I've said before that I know you have too
When I'm not there
In spirit I'll be there

Here is a plea
From my heart to you
Nobody knows me
As well as you do
You know how hard it is for me
To shake the disease
That takes hold of my tongue
In situations like these

Understand me

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Jogo da Semana * Halo3: ODST *





Desenvolvido em exclusivo para a Xbox 360 pela elogiada Bungie, "Halo 3: ODST" é um novo jogo da saga "Halo" que nos deixa viver os eventos que originaram a história épica contada em "Halo 3" através dos olhos de um ODST (Orbital Drop Shock Trooper) em busca de pistas que indiquem o paradeiro do seu esquadrão disperso e o motivo por trás da invasão de New Mombasa pelo Covenant. Esta versão adiciona uma nova dimensão ao universo envolvente que jogadores de todo o mundo conhecem e adoram há já quase oito anos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Amigo


"Devem-se buscar os amigos como os bons livros, pois a felicidade não está em que sejam muitos, nem mui curiosos, antes em que sejam poucos, bons e bem conhecidos."

Alemán, Mateo in "Guzmán de Alfarache"

domingo, 13 de setembro de 2009

A Ordem dos Hospitalários de São João Batista de Jerusalém


A Ordem de S. João de Jerusalém foi fundada mesmo antes da tomada desta cidade pelos exércitos da Primeira Cruzada, decorria o ano de 1099. Começou por ser uma comunidade monástica fundada por alguns mercadores de Amalfi (Amalfi era, à época, uma poderosa cidade/república do Sul de Itália) em Jerusalém sob a regra de S. Bento (regras Beneditinas, então com grande implementação entre a cristandade) e com a indicação de Santa Maria Latina, administrando uma casa religiosa que servia de local de assistência aos peregrinos que se deslocavam à Terra Santa.
Passados alguns anos construíram um hospital (hospício/enfermaria) que recebeu apoio de Godofredo de Bulhão através de doações de forma a permitirem a subsistência da Ordem. Os frades vestiam de negro e usavam a cruz de Amalfi, a mesma que figura numa moeda desta da cidade/república cunhada entre os séculos X e XII. Sendo credível que por orientação do beato Gerardo, com vista à reforma e consequente independência em relação às canónicas beneditinas, instaura-se uma Ordem mais formal e com regra de S. Agostinho, por Bula Papal datada de 15 de Fevereiro de 1113, respondendo, por um lado, às novas realidades politicas, sociais e militares de Jerusalém e, por outro lado, ao centralismo político e religioso Papal. Desta forma e no mesmo ano de 1113 desligou-se da Igreja de Santa Maria e por nomeação do Papa foi chamada de congregação sob o título de São João Baptista, dando-lhe (o Papa) regra própria.
Em 1120, após a fundação, pelos cruzados, do Reino de Jerusalém, a Ordem dos Hospitalários, já com o seu primeiro Mestre, Frei Raimundo du Puy, também assume funções militares, com o propósito de assegurar a protecção dos enfermos e peregrinos nesses “novos” territórios da cristandade. Esta nova vertente, a de Ordem de Cavalaria, impôs que os Cavaleiros fossem religiosos sujeitos aos três votos: Obediência, Castidade e Pobreza. A Canónica de S. João de Jerusalém tem, então, um estatuto de: Persona Mixta, isto é: Ordem Religiosa/Militar. Ao primeiro mestre da Ordem, Raymond du Puy, se deve as primeiras regras e o elemento signáculo (ou redefinição deste) mais conhecido: a Cruz Branca Octogonal, vulgo Cruz de Malta. Com a queda de Acre, o último bastião da cristandade na Terra Santa, em 1291, os Cavaleiros de São João de Jerusalém encontram refúgio em Chipre.
Só voltaram a ter domínio territorial com a tomada e ocupação da ilha de Rodes, em 1310, sob o comando do Grão-Mestre Frei Foulques de Villaret. A Ilha de Rodes converteu-se num baluarte da Cristandade no Mediterrâneo Oriental, e os cavaleiros de São João passam a ser conhecidos pelos Cavaleiros de Rodes. A defesa militar da ilha impunha, por consequência, a existência de uma força naval. Razão pela qual a Ordem se equipou com uma poderosa frota, patrulhando as águas do Mediterrâneo Oriental e participando nas batalhas mais importantes contra o poderio naval e terrestre, em crescendo, dos Muçulmanos, para além do apoio logístico que prestou nas Cruzadas da Síria e Egipto e, sobretudo na ajuda ao reino cristão da Arménia.
Contudo em 1522, na véspera de Natal, os Cavaleiros são obrigados a capitular e, a 1 de Janeiro de 1523, abandonam a ilha de Rodes com honras militares. Nos sete anos seguintes a Ordem do Hospital foi soberana mas sem domínio territorial. O Imperador Carlos V, na qualidade de Rei da Sicília, concedeu, como feudo soberano as ilhas de Malta, Gozo e Comino, bem como Tripoli no norte de África, aos Cavaleiros de São João do Hospital que, a 26 de Outubro de 1530 tomam posse com aprovação do Papa Clemente VII, passando a ser designados por Ordem de Malta.
A guerra prosseguiu e os turcos atacaram Malta, pondo-a sob cerco em1565 (de 18 de Maio a 8 de Setembro) mas são derrotados pela brilhante estratégia do Grão-Mestre Frei Jean de la Vallete, em memória do qual deu nome à capital da Ilha de Malta: La Valletta.
Apesar do engrandecimento em títulos e poderio naval, a Ordem de Malta voltou a perder o seu território, agora para França, pois em 1798 Napoleão Bonaparte, durante a sua campanha contra o Egipto, este teria pedido aos Cavaleiros um porto de abrigo para reabastecer os seus navios e, uma vez em segurança, virou-se contra os seus anfitriões. O Grão-Mestre Ferdinand Von Hompesch, apanhado de surpresa, não soube antecipar ou precaver-se deste ataque, rapidamente capitulando para Napoleão. Este acontecimento representou uma afronta para os restantes Cavaleiros que se predispuseram a defender a sua possessão e soberania.
A Ordem continuou a existir, compactuando com os governos por uma retoma de poder. O Imperador da Rússia doou-lhes o maior abrigo de Cavaleiros Hospitalários em São Petersburgo, o que marcou o início da Tradição russa dos Cavaleiros do Hospital e posterior reconhecimento pelas Ordens Imperiais Russas. Em agradecimento, os Cavaleiros depuseram Ferdinand Von Hompesch e elegeram o Imperador Paulo I como Grão-Mestre que, após o seu assassinato em 1801, seria sucedido por Giovanni Battista Tommasi em Roma, restaurando o Catolicismo Romano na Ordem.
No início da década de 1800, a Ordem encontrava-se severamente enfraquecida pela perda de Priores em toda a Europa. Apenas 10% dos lucros chegavam das fontes tradicionais na Europa, sendo os restantes 90% provindos do Priorado Russo até 1810, facto cuja responsabilidade é parcialmente atribuída pelo governo da Ordem, que era composta por Tenentes, e não por Grão-Mestres entre 1805 e 1879, até o Papa Leão XIII restaurar um Grão-Mestre na Ordem, Giovanni a Santa Croce. Esta medida representou uma reviravolta no destino da Ordem, que se tornaria uma organização humanitária e cerimonial.
Depois de vários anos em sedes provisórias, sucessivamente Messina, Catânia e Ferrara, a Ordem, reactivada, estabeleceu nova sede em Roma e foi, a partir daí, designada como Ordem Militar Soberana de Malta onde permanece desde 1834 até a actualidade.

sábado, 12 de setembro de 2009

Red Bull Air Race


"Terceira edição da competição já acelera entre as margens de Porto e Gaia, e ao longo do fim-de-semana promete trazer cerca de um milhão de entusiastas das acrobacias e da velocidade aérea.

Chega-se a Setembro e cumpre-se aquilo que já vem sendo uma tradição: sob o sol abrasador do Verão, as margens do Douro recebem as acrobacias aéreas com centenas de milhares de olhos postos no céu. Está de volta o Red Bull Air Race. A terceira edição dos Fórmula 1 da aviação regressa a Porto e Gaia. E se hoje ainda é dia de treinos livres, amanhã já arranca a competição a sério, com os 15 pilotos a efectuarem os treinos de qualificação para estarem presentes na fase decisiva, que terá lugar no domingo, em que os oito melhores disputarão um play-off a eliminar até à final entre os dois mais rápidos."


Sérgio Pires in "Diário de Notícias"

Os Acontecimentos Simultâneos




"Considera quantas coisas, no mesmo instante infinitesimal, se produzem simultaneamente em cada um de nós, tanto no domínio do corpo como no da alma. Por isso te não surpreenderá que muitos mais acontecimentos se produzam, ou antes, que eles se produzam todos a um tempo, no ser simultaneamente único e universal a que chamamos mundo."


Marco Aurélio (Imperador Romano), in "Pensamentos"

Mitologia III







Segundo as crenças gregas, no princípio existia um grande vazio chamado Caos e todas as coisas estavam interligadas, nesta confusão reinava a Noite ou Nyx e surgindo de um lugar desconhecido e num momento mais tarde o Érebo ou Inferno. O Destino e as Moiras/Parcas eram divindades cegas, nascidas do Caos e da Noite, sendo elas quem estabeleciam todos os acontecimentos de então, inclusive submetendo os próprios deuses aos seus desígnios, existindo desta forma e apenas o silêncio e o vazio, até que se deu o nascimento de Amor, que produziu um início de ordem.
Da união de Érebo e Noite nasceram Éter, a luz celestial, e Dia ou Hélios, e o aparecimento de Terra, a mãe universal cujo seu nome é Gaia (personifica a base onde se sustentam todas as coisas). Gaia, gerou sozinha Urano, o Céu Estrelado, e os dois juntos (Gaia e Urano) geram os 12 Titãs (Céos, Créos, Cronos, Febe, Hipérion, Jápeto, Mnemosine, Oceano, Réia, Tétis, Téia, Témis), após os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Segundo a mitologia grega, quando Gaia deu origem aos Titãs, eles fizeram das montanhas gregas, inclusive o Monte Olimpo, os seus tronos, uma vez que eram tão grandes e mal cabiam na crosta terrestre.
Os Titãs, eram liderados por Cronos (Saturno) que desposou Réia (Cibele) sua irmã, a qual lhe deu seis filhos (os Crónidas): três raparigas, Héstia, Deméter e Hera e três rapazes, Hades, Poseidon e Zeus. Contudo e por medo de ser destronado e vendo o poder que os seus filhos poderiam vir a ter, Cronos, engolia os seus filhos a medida que estes nasciam. Comeu todos os seus filhos excepto Zeus, que graças ao engodo criado pela sua mãe conseguiu enganar Cronos (Réia sabendo que cronos engolia os filhos trocou Zeus por uma pedra enrolando-a num pano e deu-a a Cronos, e este engoliu-a sem se aperceber da troca).
Quando Zeus cresceu, resolveu vingar-se do pai, solicitando para esse efeito o apoio de Métis – a Prudência – filha do Titã Oceano. Esta ofereceu a Cronos uma poção mágica, que o fez vomitar os filhos que tinha devorado e então Zeus tornou-se senhor do céu e divindade suprema da terceira geração de deuses da Mitologia Grega, banindo os tios Titãs para o Tártaro, afastando o pai do trono e tornando-se Senhor dos Deuses.
Organizou assim uma sociedade hierarquizada quanto à autoridade e poder, os deuses do Olimpo, numa plêiade de doze deuses principais (Zeus, Afrodite, Apolo, Ares, Artêmis, Atena, Deméter, Hefesto, Hera, Hermes, Héstia e Poseidon) habitando o monte Olimpo como sucessores por direito dos titãs.
Zeus (Júpiter) era o chefe, senhor de todos os estados, o pai espiritual dos todos os mortais e imortais; Hera (Juno), sua esposa, era a rainha do paraíso e a guardiã do casamento; Hefesto ou Hefaísto (Vulcano), deus do fogo e das artes manuais; Apolo (Febo) era o deus da luz, da poesia e da música; Ares (Marte) o deus da guerra; Atena (Minerva), deusa da sabedoria e da guerra; Artêmis (Diana), deusa da caça e dos animais selvagens; Afrodite (Vénus), deusa do amor; Héstia (Vesta), deusa do coração e da chama sagrada; Deméter (Ceres) a deusa da agricultura; Hermes (Mercúrio) era o mensageiro dos deuses e senhor das ciências e das invenções e Poseidon (Neptuno) o senhor dos mares e oceanos que junto com sua esposa, Anfitrite, originou um grupo de deuses do mar menos importantes, tais como as Nereidas e Tritão.
Assim Zeus deu aos seus irmãos, Poseidon, o mar, a Hades, o inferno foi dado e passou a reinar do Monte Olimpo.
Embora Hades (Plutão), irmão de Zeus e deus dos infernos, fosse um deus importante dentro do pensamento religioso grego, geralmente não era considerado um deus do Olimpo. Governava o sombrio mundo subterrâneo com sua esposa Perséfone (Proserpina ou Cora), um lugar escuro e triste, nas profundezas da terra, povoado pelos espíritos das pessoas que morriam.
Outro deus que originalmente não era tão admirado mas que com o tempo se tornou um dos mais populares, foi Dionísio (Baco), deus do pão e do vinho e do prazer, o qual surgia frequentemente acompanhado por um exército de outros deuses fantásticos, incluindo Centauros e Ninfas. Os Centauros tinham a cabeça e o torso humanos e o corpo de cavalo e as belas e encantadoras Ninfas assombravam os bosques e as florestas. A ele os gregos devotavam muitos festivais, inclusive os de encenações teatrais.
Por fim os Titãs acabaram por se revoltar tentando reconquistar o poder perdido aos deuses e tentaram alcançar o céu, mas foram fulminados por Zeus.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Homem


"Sim, eu sou um homem e choro. Um homem não tem olhos ? Não tem também mãos, sentidos, inclinações, paixões ? Porque é que um homem não devia chorar?"



Strindberg, August in "O Pai"

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

The Housemartins - Build





Clambering men in big bad boots
Dug up my den, dug up my roots
Treated us like plasticine town
They built us up and knocked us down
From meccano to legoland
Here they come with a brick in their hand
Men with heads filled up with sand
Its build

Its build a house where we can stay
Add a new bit everyday
Its build a road for us to cross
Build us lots and lots and lots and lots and lots

Whistling men in yellow vans
They can and drew us diagrams
Showed us how it all worked it out
And wrote it down in case of doubt

Slow, slow, quick, quick, quick
Its wall to wall and brick to brick
They work so fast it makes you sick
Its build

Its build a house where we can stay
Add a new bit everyday
Its build a road for us to cross
Build us lots and lots and lots and lots and lots

Its build

Down with sticks and up with bricks
In with boots and up with roots
Its in with suits and new recruits
Its build

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Jogo da Semana * Star Wars - The Old Republic *







Para todos os amantes e seguidores da saga Star Wars quer na sua vertente cinematográfica quer na vertente de jogos, eis um dos muitos Trailers pertencentes a mega produção de Star Wars - The Old Republic.
É o próximo jogo da BioWare e da LucasArts concebido com o intuito de se tornar num dos mais icónicos jogos dentro do género MMO (Massive Multiplayer Online), procurando recriar de forma incrível e ambiciosa o universo de Star Wars, podendo os jogadores interagir quer uns com os outros quer com as inúmeras personagens de IA (Inteligência Artificial) pensadas e criadas para dar uma maior dimensão e trama ao jogo.
A história desenrolar-se-á conforme o assim entender o jogador, podendo-se assumir uma vertente Jedi ou Sith e usar os seus respectivos poderes da Força.
Saída prevista em 2010.

"MAY THE FORCE BE WITH YOU"

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Disciplina


O trabalho começa ao romper do dia. Mas nós começamos,
um pouco antes do romper do dia, a reconhecer-nos
nas pessoas que passam na rua. Ao descobrir os raros
transeuntes, cada um sabe que está sozinho
e que tem sono — perdido no seu próprio sonho,
cada um sabe no entanto que com o dia abrirá os olhos.
Quando a manhã chega, encontra-nos estupefactos
a fixar o trabalho que agora começa.
Mas já não estamos sozinhos e ninguém mais tem sono
e pensamos com calma os pensamentos do dia
até que o sorriso vem. Com o regresso do sol
estamos todos convencidos. Mas às vezes um pensamento
menos claro — um esgar — surpreende-nos inesperadamente
e voltamos a olhar para tudo como antes do amanhecer.
A cidade clara assiste aos trabalhos e aos esgares.
Nada pode turvar a manhã. Tudo pode
acontecer e basta levantar a cabeça
do trabalho e olhar. Rapazes que se escaparam
e que ainda não fazem nada passam na rua
e alguns até correm. As árvores das avenidas
dão muita sombra e só falta a erva
entre as casas que assistem imóveis. São tantos
os que à beira-rio se despem ao sol.
A cidade permite-nos levantar a cabeça
para pensar estas coisas, e sabe bem que em seguida a baixamos.



Cesare Pavese, in 'Trabalhar Cansa'
Tradução de Carlos Leite

domingo, 6 de setembro de 2009

Ordem dos Cavaleiros Teutónicos




A Ordem dos Cavaleiros Teutónicos, ou Ordo Domus Sanctae Mariae Teutonicorum, foi fundada em 1190 para cuidar de cruzados feridos ou que necessitassem de algum tipo de assistência. Oito anos mais tarde e seguindo o exemplo de outras organizações de cruzados, tais como os Templários e os Hospitalários, a ordem foi transformada numa ordem de cavalaria e subordinada directamente ao Papa. Nos anos subsequentes a ordem cresceu rapidamente e, cerca do ano 1300, possuía já cerca de 300 comendas, correspondentes a dádivas a cruzados piedosos em forma de dinheiro, terras, igrejas, mosteiros, conventos e hospitais.
A sua hierarquia compreendia o Grão-Mestre estando nos patamares inferiores o Grande Comendador (seu imediato), o Grande Marechal (comandante dos cavaleiros e das tropas ordinárias), o Grande Hospitalário (encarregado dos doentes e dos pobres), o Drapier (responsável pelas construções e vestimentas) e o Tesoureiro (administrador das propriedades). O Grão-Mestre, nomeava comendadores locais – chamados Landmeister (mestres de província) – nalgumas províncias, vindo o Mestre de Província na Alemanha a receber mais tarde o título de Deutschmeister (mestre teutónico). Já na sua base e inicialmente, os membros da Ordem eram divididos em cavaleiros (recrutados principalmente na Vestefália), os quais precisavam demonstrar pertencer a antigas famílias nobres, e em sacerdotes, os quais não tinham essa obrigação, sendo a sua principal função administrar os sacramentos aos cavaleiros e aos doentes nos hospitais. Mais tarde foi acrescentada a classe dos Irmãos Servidores ou Sargentos, que usavam uma cruz de apenas três ramos para mostrar que não eram membros plenos da Ordem. Em 1211, o Rei André da Hungria convidou os cavaleiros a estabelecerem-se na fronteira da Transilvânia uma vez que os belicosos Cumanos eram uma ameaça constante e os húngaros esperavam que os cavaleiros oferecessem protecção contra seus ataques. Desta forma o rei dispôs-se a dar-lhes uma considerável autonomia sobre as terras que estes capturassem com a missão de cristianizar seus habitantes, mas contudo não aceitou sua exigência de total independência vindo em 1215 a ordenar-lhes que saíssem da região aprazada. A ordem foi, porém, particularmente favorecida pelo Sacro Império, tendo em 1214, os Grão-Mestres passado a ser membros da Corte Imperial. Em 1217, o Papa Honório III proclamou uma Cruzada contra os pagãos da Prússia e em 1225, o duque Conrado da Masóvia, invadido pelos prussianos, pediu a assistência dos cavaleiros Teutónicos, prometendo ao seu Grão-Mestre como recompensa Culm, Dobrzin bem como todos os territórios que os cavaleiros viessem a conquistar. Decorridos apenas nove anos (1226), o Imperador Alemão ofereceu-lhes a soberania sobre as terras que conquistassem como feudos subjacentes ao Império e a participação do seu Grão-Mestre na Corte Imperial, na qualidade de príncipe.
Cerca de 1237, os Cavaleiros Teutónicos absorveram a Ordem dos Cavaleiros da Espada, uma irmandade menor, mas poderosa, que controlava a Livónia e a Estónia, mas a qual tinha sido enfraquecida por uma séria derrota. Por sua vez o seu Grão-Mestre tornou-se mestre provincial da Livónia, recebendo mais tarde a distinção de príncipe da Corte Imperial, junto com o Grão-Mestre Teutónico.
Em apenas 50 anos, os Cavaleiros Teutónicos conquistaram toda a Prússia e em 160 anos consolidaram seu poder sobre todo o noroeste da Europa, incluindo as actuais Estónia e Letónia. Decorria o ano 1262, quando autorizados pelo Papa os Cavaleiros Teutónicos puderam conservar suas propriedades hereditárias e passaram a poder participar do comércio, o que virtualmente os fez abandonar os seus votos de pobreza conquistando no ano seguinte o monopólio do comércio de cereais na Prússia. Foi lhes também concedido poder para escravizar os pagãos capturados e no que dizia respeito aos convertidos, estes eram dominados como servos feudais, podendo ser convocados a ajudá-los como tropas auxiliares, sujeitas aos maiores perigos.
Os Cavaleiros enfrentavam frequentes revoltas e geralmente passavam apenas alguns anos prestando serviço no leste da Europa antes de irem para as suas propriedades na Alemanha ou Palestina.
No ano de 1291, deu-se a derrota dos cruzados em Acre o que levou a sua expulsão total da Palestina, tendo então os Teutónicos retirado primeiro para Chipre e em seguida para Veneza. Em 1300, o Papa permitiu que se dedicassem exclusivamente à luta contra os pagãos do Báltico. Tendo em 1309, a sua sede transferida para Marienburgo, na Prússia. Entretanto, o Rei cristão da Polónia, temendo o poder dos cavaleiros, aliou-se durante o período que decorreu entre 1325 a 1343, ao Grão-Duque pagão da Lituânia, interrompendo as conquistas da Ordem. Só em 1370, é que a Lituânia veio a sofrer uma pesada derrota as mãos dos Cavaleiros, contudo a intrincada rede de influências e poderes fez com que mas em 1386 o Grão-Duque Lituano se casa-se com a futura herdeira do trono da Polónia convertendo-se assim ao cristianismo e adoptou o nome de Vladislau. Este novo “tecido” e mapa no Leste Europeu (a Lituânia cristianizada e unida à Polónia) veio a revelar-se fatídico para a ordem Teutónica pois a sua principal razão de existir e logo culminou com a perda do apoio da Igreja e dos Príncipes Europeus. Sendo o próprio Papa quem mais rude golpe lhes desferiu ao ordenar-lhes que chegassem a um acordo com antigos inimigos, o recém-formado Reino Polaco-Lituano. Porém os Cavaleiros Teutónicos não querendo perder todo o poder até então adquirido não se submeteram ao que se lhes havia pedido, começando mesmo novas disputas as quais cresceram levando a guerra com dois outros reinos cristãos, a Dinamarca e a Suécia. A ordem dos cavaleiros Teutónicos – então com 83 mil homens em armas – detinha um estado rico e poderoso, mas enfrentava o ressentimento dos seus cerca de 2.140.000 súbditos nativos e a desconfiança dos seus países vizinhos. Em 1410, o Reino Polaco-Lituano, aliado aos ducados alemães de Mecklemburgo e da Pomerânia, reuniram um exército de 160 mil homens e desta forma derrotaram os Cavaleiros Teutónicos, os quais por sua vez conseguiram levar avante os seus propósitos quer de defender a sua fortaleza em Marienburgo quer de negociar um tratado de paz, endossado pelo Papa, e o qual preservava suas fronteiras, como saldo final resultou uma manutenção territorial mas também um enfraquecimento do seu anterior poder na região. Durante mais 56 anos preservaram uma situação periclitante na região e no seu território, vindo esta a culminar em 1466 em nova guerra enfrentando uma coligação dos seus súbditos e dos Polacos ao mesmo tempo. Como resultado tiveram nova derrota porém esta saldou-se como mais penosa uma vez que com ela, perderam a metade ocidental de suas terras bem como a sua soberania, tendo o Grão-Mestre da Ordem reconhecido o Rei da Polónia como seu suserano.
Volvidos cerca de 30 anos (1498) e na tentativa de entrar de novo na senda do poder e fortalecer-se, a Ordem elegeu como Grão-Mestre um membro de uma poderosa família principesca alemã – o príncipe Frederico da Saxónia, terceiro filho do Duque da Saxónia – o qual com o apoio directo da Corte do Sacro Império, recuperou para a Ordem as terras perdidas ao mesmo tempo que se recusou a prestar vassalagem aos reis da Polónia até ao ano da sua morte em 1510. A Polónia, enfraquecida por problemas internos, não reagiu. Convencidos de que estavam no rumo certo, em 1511, a Ordem voltou de novo a decidir escolher um poderoso nobre alemão como seu líder, o Margrave (Senhor feudal Alemão) de Brandeburgo, Alberto, da família Hohenzollern. Tal como o seu antecessor, recusou-se a prestar homenagem ao rei da Polónia, mas desta vez a sua posição encontrava-se enfraquecida pela postura do Imperador Maximiliano, que em 1515 assinou um tratado com a Polónia, exigindo que a Ordem recuasse às suas posições de 1467.
Uma vez mais a sede de poder toldou a mente dos Cavaleiros Teutónicos e o seu Grão-Mestre, não acatou a decisão proferida pelo Imperador, tendo em vez disso, assinado um tratado com a Rússia. A escalada do conflito chegou ao clímax em 1523, quando Martinho Lutero escreveu aos Cavaleiros e convidou-os a quebrar os seus votos e a casarem-se. O Bispo de Sambia, que era igualmente o Landmeister da Prússia em nome da Ordem, aderiu ao protestantismo e exortou os cavaleiros a segui-lo. No ano seguinte, o próprio grão-mestre decidiu abandonar seus votos, casar-se e converter a Prússia num ducado secular luterano, feudo do reino da Polónia, cujo rei, em troca, reconheceu a mudança e o direito do novo duque de fundar sua própria dinastia. Desta situação resultou o seccionamento da ordem tendo parte permanecido fiel à Igreja Católica, na Livónia e no sul da Alemanha, estabelecendo uma nova sede em Mergentheim, no Wurtemberg e como desafio final o próprio Imperador deu-lhes soberania formal em 1530 sobre a Prússia, desafiando desta forma os Hohenzollern.
Ao longo das guerras que se seguiram, os protestantes do norte da Alemanha, valendo-se da rivalidade entre os reis católicos – os Burbons da França e os Habsburgos da Espanha e Áustria –, foram inicialmente vitoriosos. Decorrido meio século de batalhas o Papa e os reis católicos conseguiram unir-se numa Santa Aliança contra os Protestantes, em troca da promessa de partilha de suas riquezas e colónias acabando os príncipes do norte da Alemanha por ser totalmente derrotados. Brandeburgo foi transformado num ducado da casa da Áustria, como muitos outros principados do norte da Alemanha que tinham aderido ao luteranismo e a Prússia foi “reconquistada” voltando a ser administrada pela Ordem, mas agora relativamente enfraquecida e sob o firme controle de um Império Alemão firmemente centralizado sob o domínio dos Habsburgos.
Em 1809, quando Napoleão determinou a sua extinção, a Ordem perdeu as suas últimas propriedades seculares, mas logrou sobreviver até o presente. No decreto papal emitido por Pio XI, a 21 de Novembro de 1929, transformava os Cavaleiros Teutónicos numa ordem clerical composta por sacerdotes, padres e freiras. Actualmente, tem a sua sede em Viena e trabalha primordialmente com objectivos de assistência. A cruz teutónica está na origem da célebre "Cruz de Ferro", condecoração ainda em uso pelas forças armadas alemãs.

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