Quando se fala de acções importantes no âmbito militar da dita História Antiga não se pode nunca esquecer a Batalha das Termópilas. Chega-nos o seu relato aos nossos dias através da descrição narrativa do célebre historiador grego Heródoto, retratando a ocasião em que os Persas pretendiam a anexação da Grécia ao seu vasto Império no ano de 418 a.C..
Consta, então, que uma força de cerca de 7000 a 9000 homens (destacavam-se os 300 espartanos (Guarda Pessoal do Rei Espartano) como "tropa de Elite") representavam a Liga Grega contrapondo-se aos 200000 homens Persas comandados pelo Rei dos Persas Xerxes, os quais tinham atravessado o Helesponto para conquistar a Grécia.
A explicação para tão reduzido contingente dos gregos resídia em que, por aquela altura os espartanos festejavam a Carnéia (Festival em honra ao deus Apolo), durante o qual não se podia lutar, enquanto boa parte dos restantes povos da Grécia vivia a Olimpíada (outra celebração que, por motivos religiosos, impedia o combate).
Deste dilema resultou que Leónidas não sabendo como conseguir guerreiros para lutar contra o invasor Persa, dadas as condições de não poder desrespeitar as confraternizações - que cessavam momentaneamente os combates - e por outro lado não se podendo dar ao luxo de esperar que o exército invasor avançasse incólume pelo território grego, resolveu ele próprio marchar de encontro às forças invasoras com nada mais nada menos do que a sua guarda pessoal de 300 homens. No caminho, foram-se então reunindo a Leónidas homens de povos e aldeias amigas num número que rondava os 7.000 a 9.000 para enfrentar os persas
Leónidas, Rei espartano, foi eleito como comandante supremo das forças Gregas, visto ser o mais experiente na"arte da guerra" e assim o provou elaborando um astuto e brilhante plano para a defesa da Península Grega, através da defesa de um estreito desfiladeiro que unia a Tessália à Beócia de forma a travar o avanço Persa, chamado de Termópilas (Portas de Fogo).
Desta forma aproveitando o terreno montanhoso e a escarpa para o mar, Leónidas e os seus aliados conseguiram repelir os ataques iniciais mantendo o estreito desfiladeiro como "zona tampão" impedindo os Persas de progredir rumo ao interior da Grécia. Durante sete dias as forças Gregas conseguiram então repelir o invasor porém não contaram com a traição dum pastor local (Efialtes) que conduziu os Persas por um caminho que contornava o desfiladeiro levando-os a cercar o exército de Leónidas.
Por esta altura em que os Gregos se encontravam cercados apenas restavam alguns dos 300 espartanos e alguns dos voluntários Tespianos e Tebanos, que decidiram resistir até a morte. Segundo Pausánias, Xerxes ameaçou a insignificante defesa grega dizendo: "As minhas flechas serão tão numerosas que ocultarão a luz do Sol", ao que Leónidas respondeu: "Tanto melhor, combateremos à sombra!" ( Heródoto, que narra o desastre das Termópilas no seu Livro VII, reporta esta afirmação, não a Leónidas, mas Dieneces, considerado o mais bravo de entre todos os Gregos incluíndo espartanos).
Leónidas também soube antecipadamente da traição de Efialtes, mantendo consigo os espartanos, os voluntários Tespianos e Tebanos, dispensando o restante contingente do exército. Durante três dias as forças de Leónidas mataram 20000 persas e para este seu pequeno contingente que ficou consigo, disse: "Almoçem comigo aqui, e jantem no inferno".
Leónidas sabia que sua morte era certa, mas resolveu ficar e morrer a lutar, por dois motivos: Em primeiro lugar e conforme sua própria filosofia, nenhum espartano deserta do campo de batalha para sua cidade, ou voltam vitoriosos ou mortos em cima de seus escudos. E em segundo lugar, caso ele desertasse, o restante da Liga Grega também fugiria.
No final, cercando os seus inimigos, o Rei dos Persas, Xerxes, ter-lhe-á dado á ordem para que Leónidas e seus homens deposessem as suas armas e se entregassem, ao que Leónidas terá respondido apenas: "Molon Labe"("Venham buscá-las"), tendo sido estas as suas últimas palavras.
Atacados por todos os lados, foram massacrados sem piedade, acabando Leónidas por ser decepado e a sua cabeça empalada enquanto o seu corpo foi crucificado.
Com este enorme feito os Gregos conseguiram atrasar os planos Persas de invasão, fazendo-os esperar, durante dois meses, que o inverno passasse, para poderem continuar a guerra.
Contudo a bravura, denodo e sacríficio dos seus compatriotas inspirou os Gregos e quando os Persas resolvem voltar a ofensiva, os espartanos que haviam permanecido na sua cidade formam agora o corpo principal do exército grego, (havendo ainda assim três persas para cada grego), derrotados em Salamina e Plateia os Persas vêem-se desmoralizados e expulsos da Grécia pondo um ponto final na tentativa de conquista da Grécia e do ocidente.
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A quem se interesse por este tema aconselho sem reservas a ler o livro "Portas de Fogo" de Steven Pressfield da editora Ulisseia e a ver o filme 300 de Frank Miller (embora este retrate a história de uma forma muito "sui generis"). Mas que cada um tire as suas conclusões.