segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Mágico Veneno


Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto, 
Quase forçado; um doce e humilde gesto, 
De qualquer alegria duvidoso; 

Um despejo quieto e vergonhoso; 
Um repouso gravíssimo e modesto; 
Uma pura bondade, manifesto 
Indício da alma, limpo e gracioso; 

Um encolhido ousar; uma brandura; 
Um medo sem ter culpa; um ar sereno; 
Um longo e obediente sofrimento; 

Esta foi a celeste formosura 
Da minha Circe, e o mágico veneno 
Que pôde transformar meu pensamento. 

Luís Vaz de Camões in "Sonetos"

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Wait until the war is over And we're both a little older The unknown soldier