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Localizado no chamado Magrebe, o Reino de Marrocos é banhado pelo Oceano Atlântico a oeste, e pelo mar Mediterrâneo a norte, faz fronteira com a Argélia a leste e a sul e sudeste com a Mauritânia. Abrange uma área total de 446 550 km², sendo a sua capital, Rabat, com uma população de 1 618 700 habitantes (senso de 2004), destacando-se a nível populacional outras cidades, como Casablanca (a maior do país) com 3 741 200 habitantes, Tânger 629 800 habitantes e Fez 1 019 300 habitantes.
Marrocos caracteriza-se por ser um país montanhoso, onde se destacam duas cadeias montanhosas: o Rif, com a orientação noroeste-sudeste, que faz, geologicamente, parte das cordilheiras do Sul da Península Ibérica, e que tem como ponto mais alto o Monte Tidirhine com 2456 m; e o Atlas, no Centro do país, com a orientação leste-oeste, tendo como ponto mais alto o Monte Tubkal com 4165 m. A leste, situa-se a bacia do Muluya, uma região de terras baixas, semi-árida, criada pela erosão do Rio com o mesmo nome. Mais a leste e a sudeste, encontra-se a zona dos altos planaltos, com cerca de 1000 metros de altitude. A Sul, iniciam-se as terras áridas do Deserto do Sara.
Marrocos, tal como grande parte do Norte de África esteve sucessivamente sob o domínio dos Fenícios, do Império Romano e do Império Bizantino até à chegada dos árabes, os quais trouxeram o Islão e fundaram o Reino de Nekor, nas montanhas do Rif, no século VII.
Os indígenas berberes, no entanto, assumiram o controlo no século XI e governaram, não só Marrocos (agregando-lhe reinos vizinhos), mas também a parte sul da península ibérica, até ao fim do século XII.
Em 1415, Portugal virou os olhos para África e começa com a conquista de Ceuta e, no século seguinte, a maior parte do litoral marroquino estava nas mãos de portugueses e espanhóis. Ceuta continua sob soberania espanhola até hoje.
Dentre as inúmeras crises ocorridas pela Partilha da África, a principal ocorreu em Marrocos, importante entreposto comercial e rico em ferro e manganésio. De acordo com os tratados iniciais de formação da Entente Cordial, a Inglaterra cedeu à França o domínio de Marrocos em troca da hegemonia absoluta sobre o Egipto. Só que o kaiser alemão não aceitou o acordo por acreditar que o domínio de um só país sobre Marrocos prejudicaria seus próprios interesses expansionistas e enviou tropas ao local. Com apoio inglês à França, a guerra foi diplomaticamente evitada na conferência de Algeciras, em Espanha, em 1906, assegurando a soberania política do sultão marroquino e o domínio económico francês na região.
Quatro anos volvidos, eclodiu uma revolta nacionalista em Marrocos, amplamente apoiada pela Alemanha que, sob o pretexto de proteger a autonomia marroquina, enviou navios de guerra para Agadir. Novamente com o apoio inglês, a França cedeu parte do Congo Francês para os alemães se retraírem. Essa segunda crise em Marrocos acabou por consolidar a aliança entre França e Inglaterra e isolar ainda mais a Alemanha da diplomacia internacional.
A seguir à Segunda Guerra Mundial, de acordo com a “Carta do Atlântico” (assinada em 1941 Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt, em 1941), as forças vivas de Marrocos exigiram o regresso do sultão Mohammed V e em 1955, a França, que já se encontrava a braços com insurreição na Argélia, concordou com a independência da sua colónia, que foi celebrada dia 2 de Março de 1956.
A mudança do controle francês sobre Marrocos para as mãos do sultão e do Partido Independentista Istiqlãl decorreu calmamente.
Em Agosto de 1957, Sidi Muhammad transformou Marrocos num reino, passando a usar o título de rei. Quando, em 1959, o Istiqlãl se dividiu em dois grupos (um, abrangendo a maioria dos elementos do Istiqlãl, conservador e obediente a Muhammad 'Allãl al-Fãsi, apoiante de Sidi; outro, de carácter republicano e socialista, que adoptou o nome de (União Nacional das Forças Populares), Sidi Muhammad aproveitou a oportunidade para distanciar a figura do rei dos partidos, elevando-o a um papel arbitral.
Tal manobra política contribuiu decisivamente para o fortalecimento da monarquia, como se verificou no referendo de 1962, já com Mulay Hassan, filho de Sidi (falecido em 1961), como rei Hassan II, tendo sido aprovada uma Constituição de cariz monárquico.
Um ano após, foram realizadas eleições parlamentares que levaram a conjuntura política a um beco sem saída. Tal facto permitiu a concentração de poderes em Hassan II, como ficou demonstrado na Constituição de 1970, que não sobreviveu a uma tentativa de golpe de Estado, em 1971. Sucedeu-lhe uma outra Constituição em 1972, que só foi implementada efectivamente após outra tentativa de golpe de Estado em Agosto desse ano.
O ano de 1974 marcou o início de uma nova orientação da política de Hassan II, a partir do momento em que Marrocos declarou a sua pretensão sobre o Sara Espanhol, rico em minérios (sobretudo fosfato), pretensão essa que foi concretizada em Novembro de 1975, com o avanço da "Marcha verde", constituída por 350 000 voluntários desarmados, sobre o protectorado da Espanha, que evitou o conflito e conduziu à assinatura de um acordo em que eram satisfeitas as ambições de Marrocos.
No entanto, muitos têm sido os obstáculos à política marroquina: primeiro, a luta da guerrilha Polisário (Frente Popular para a Libertação de Saguia e do Rio do Ouro), apoiada, quer pela Argélia, quer, mais tarde, pela Líbia, e que recusou, inclusive, os resultados de um referendo promovido por Hassan II em 1981; segundo, a condenação por parte das ONU; e, terceiro, a criação do Sara Ocidental em 1989, que tem obtido o reconhecimento de um número crescente de países.
Em 1994, o secretário-geral das Nações Unidas, Boutros-Ghali, propôs um aprofundamento das negociações com o objectivo de promover um processo de recenseamento eleitoral o mais completo possível, de modo a um futuro referendo ter uma legitimidade aceitável por ambas as partes.
Marrocos caracteriza-se por ser um país montanhoso, onde se destacam duas cadeias montanhosas: o Rif, com a orientação noroeste-sudeste, que faz, geologicamente, parte das cordilheiras do Sul da Península Ibérica, e que tem como ponto mais alto o Monte Tidirhine com 2456 m; e o Atlas, no Centro do país, com a orientação leste-oeste, tendo como ponto mais alto o Monte Tubkal com 4165 m. A leste, situa-se a bacia do Muluya, uma região de terras baixas, semi-árida, criada pela erosão do Rio com o mesmo nome. Mais a leste e a sudeste, encontra-se a zona dos altos planaltos, com cerca de 1000 metros de altitude. A Sul, iniciam-se as terras áridas do Deserto do Sara.
Marrocos, tal como grande parte do Norte de África esteve sucessivamente sob o domínio dos Fenícios, do Império Romano e do Império Bizantino até à chegada dos árabes, os quais trouxeram o Islão e fundaram o Reino de Nekor, nas montanhas do Rif, no século VII.
Os indígenas berberes, no entanto, assumiram o controlo no século XI e governaram, não só Marrocos (agregando-lhe reinos vizinhos), mas também a parte sul da península ibérica, até ao fim do século XII.
Em 1415, Portugal virou os olhos para África e começa com a conquista de Ceuta e, no século seguinte, a maior parte do litoral marroquino estava nas mãos de portugueses e espanhóis. Ceuta continua sob soberania espanhola até hoje.
Dentre as inúmeras crises ocorridas pela Partilha da África, a principal ocorreu em Marrocos, importante entreposto comercial e rico em ferro e manganésio. De acordo com os tratados iniciais de formação da Entente Cordial, a Inglaterra cedeu à França o domínio de Marrocos em troca da hegemonia absoluta sobre o Egipto. Só que o kaiser alemão não aceitou o acordo por acreditar que o domínio de um só país sobre Marrocos prejudicaria seus próprios interesses expansionistas e enviou tropas ao local. Com apoio inglês à França, a guerra foi diplomaticamente evitada na conferência de Algeciras, em Espanha, em 1906, assegurando a soberania política do sultão marroquino e o domínio económico francês na região.
Quatro anos volvidos, eclodiu uma revolta nacionalista em Marrocos, amplamente apoiada pela Alemanha que, sob o pretexto de proteger a autonomia marroquina, enviou navios de guerra para Agadir. Novamente com o apoio inglês, a França cedeu parte do Congo Francês para os alemães se retraírem. Essa segunda crise em Marrocos acabou por consolidar a aliança entre França e Inglaterra e isolar ainda mais a Alemanha da diplomacia internacional.
A seguir à Segunda Guerra Mundial, de acordo com a “Carta do Atlântico” (assinada em 1941 Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt, em 1941), as forças vivas de Marrocos exigiram o regresso do sultão Mohammed V e em 1955, a França, que já se encontrava a braços com insurreição na Argélia, concordou com a independência da sua colónia, que foi celebrada dia 2 de Março de 1956.
A mudança do controle francês sobre Marrocos para as mãos do sultão e do Partido Independentista Istiqlãl decorreu calmamente.
Em Agosto de 1957, Sidi Muhammad transformou Marrocos num reino, passando a usar o título de rei. Quando, em 1959, o Istiqlãl se dividiu em dois grupos (um, abrangendo a maioria dos elementos do Istiqlãl, conservador e obediente a Muhammad 'Allãl al-Fãsi, apoiante de Sidi; outro, de carácter republicano e socialista, que adoptou o nome de (União Nacional das Forças Populares), Sidi Muhammad aproveitou a oportunidade para distanciar a figura do rei dos partidos, elevando-o a um papel arbitral.
Tal manobra política contribuiu decisivamente para o fortalecimento da monarquia, como se verificou no referendo de 1962, já com Mulay Hassan, filho de Sidi (falecido em 1961), como rei Hassan II, tendo sido aprovada uma Constituição de cariz monárquico.
Um ano após, foram realizadas eleições parlamentares que levaram a conjuntura política a um beco sem saída. Tal facto permitiu a concentração de poderes em Hassan II, como ficou demonstrado na Constituição de 1970, que não sobreviveu a uma tentativa de golpe de Estado, em 1971. Sucedeu-lhe uma outra Constituição em 1972, que só foi implementada efectivamente após outra tentativa de golpe de Estado em Agosto desse ano.
O ano de 1974 marcou o início de uma nova orientação da política de Hassan II, a partir do momento em que Marrocos declarou a sua pretensão sobre o Sara Espanhol, rico em minérios (sobretudo fosfato), pretensão essa que foi concretizada em Novembro de 1975, com o avanço da "Marcha verde", constituída por 350 000 voluntários desarmados, sobre o protectorado da Espanha, que evitou o conflito e conduziu à assinatura de um acordo em que eram satisfeitas as ambições de Marrocos.
No entanto, muitos têm sido os obstáculos à política marroquina: primeiro, a luta da guerrilha Polisário (Frente Popular para a Libertação de Saguia e do Rio do Ouro), apoiada, quer pela Argélia, quer, mais tarde, pela Líbia, e que recusou, inclusive, os resultados de um referendo promovido por Hassan II em 1981; segundo, a condenação por parte das ONU; e, terceiro, a criação do Sara Ocidental em 1989, que tem obtido o reconhecimento de um número crescente de países.
Em 1994, o secretário-geral das Nações Unidas, Boutros-Ghali, propôs um aprofundamento das negociações com o objectivo de promover um processo de recenseamento eleitoral o mais completo possível, de modo a um futuro referendo ter uma legitimidade aceitável por ambas as partes.
1 comentário:
Adorei Ait Benhaddou...!
Definitivamente um dos locais mais bonitos...e mais interessantes - o post é prova disso mesmo! - de Marrocos.
http://araparigadoalfinete.blogspot.com/2007/09/dia-ix.html
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