Nenhum corpo mais lacteo e sem defeito
Mais roseo, esculptural e femenino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Immovel, nù, sobre o comprido leito! -
Nada te eguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, matal-a, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D'aquelle corpo sem rival, perfeito.
Por isso é muito altiva e apetecida; -
E o goso sensual de a vêr vencida
Ha de ser forte, extranho e singular...
Como o das cousas dignas de castigo;
- Ou d'um amante sacerdote antigo,
Derrubando uma deusa d'um altar.
António Gomes Leal in "Claridades do Sul"
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