quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A um Corpo Perfeito


Nenhum corpo mais lacteo e sem defeito
Mais roseo, esculptural e femenino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Immovel, nù, sobre o comprido leito! -

Nada te eguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, matal-a, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D'aquelle corpo sem rival, perfeito.

Por isso é muito altiva e apetecida; -
E o goso sensual de a vêr vencida
Ha de ser forte, extranho e singular...

Como o das cousas dignas de castigo;
- Ou d'um amante sacerdote antigo,
Derrubando uma deusa d'um altar.

António Gomes Leal in "Claridades do Sul"

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Wait until the war is over And we're both a little older The unknown soldier