Versos da Ilíada:
μῆνιν ἄειδε θεὰ Πηληϊάδεω Ἀχιλῆος
οὐλομένην, ἣ μυρί' Ἀχαιοῖς ἄλγε' ἔθηκεν,
Cante, deusa, da ira, do filho de Peleu, Aquiles,
a amaldiçoada ira, que trouxe dor a milhares dos aqueus.
Na mitologia grega, Aquiles (em grego antigo: Ἀχιλλεύς; Akhilleus) foi um herói da Grécia, um dos participantes da Guerra de Tróia e o personagem principal e maior guerreiro da Ilíada, de Homero.
Aquiles tem ainda a característica de ser o mais belo dos heróis reunidos contra Tróia, assim como o melhor entre eles.
Lendas posteriores (que se iniciaram com um poema de Estácio, no século I d.C.) afirmavam que Aquiles era invulnerável em todo o seu corpo, excepto no seu calcanhar. Ainda segundo estas versões do seu mito, a sua morte tinha sido causada por uma flecha envenenada que atingiu exactamente nesta parte vulnerável do seu corpo. A expressão "calcanhar de Aquiles", que indica a principal fraqueza de alguém, terá aí a sua origem.
Aquiles era o filho da ninfa Tétis e de Peleu, rei dos mirmidões, visto Zeus e Posídon terem disputado a mão de Tétis até que Prometeu, (o responsável por trazer o fogo aos humanos) alertou Zeus a respeito de uma profecia a qual dizia que Tétis daria à luz a um filho ainda “maior” que seu pai. Por este motivo, os dois deuses desistiram de cortejá-la, e fizeram-na casar-se com Peleu. União da qual teve como fruto Aquiles.
(De acordo com um fragmento da Achilleis — a Aquilíada, escrita por Estácio no século I - quando Aquiles nasceu Tétis tentou torná-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige, contudo deixou-o vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, o seu calcanhar.)
Peleu confiou Aquiles a Quíron, o centauro, no monte Pélion, para lá ser criado, tendo se encarregue o centauro da educação do jovem, alimentou-o com mel de abelhas, medula de ursos e de javalis e vísceras de leões. Ao mesmo tempo, iniciou-o na vida rude, em contacto com a natureza, exercitou-o na caça, no adestramento dos cavalos, na medicina, na música e, sobretudo, obrigou-o a praticar a virtude. Aquiles tornou-se um adolescente muito belo, loiro, de olhos vivos, intrépido, simultaneamente capaz da maior ternura e da maior violência. Peleu deu ainda ao seu filho um segundo preceptor, Fénix, um homem de grande sabedoria, que instruiu o príncipe nas artes da oratória e da guerra. Juntamente com Aquiles, foi educado Pátroclo, seu amigo, filho do rei da Lócrida, Menécio.
Já adulto e assim que os gregos partem para a Guerra de Tróia, Aquiles acompanha-os, contudo, o enorme exército é desviado do seu propósito ao ter tomado outra rota diferente da sua rota original sendo obrigado a uma paragem forçada na Mísia, Ásia Menor, governada nesta altura pelo rei Télefo. Devido a divergências entre as várias forças que aí se encontraram deu-se uma batalha onde Aquiles infligiu no próprio Télefo uma ferida que não tinha forma de cicatrizar jamais. Télefo na tentativa de solucionar este problema consultou um oráculo, que afirmou que "aquele que feriu o devia de curar". Guiado desta forma pelo oráculo, Télefo foi levado a Argos, onde Aquiles o curou, acabando por se tornar no seu guia na segunda viagem para Tróia. Regressados ao porto de Élide - oito anos mais tarde - para se reagruparem após a primeira expedição ter fracassado, os gregos foram imobilizados pela calmaria dos ventos.
Agamemnon, o chefe dos exércitos aqueus, soube através do oráculo que os ventos não soprariam a não ser que este sacrificasse a sua filha Ifigénia, logo, imaginou que a melhor maneira de a atrair, sem suspeitas, seria propor-lhe que seria para ela se casar com Aquiles. Quando o herói teve conhecimento do embuste no qual fora envolvido sem conhecimento, censurou violentamente o "rei dos reis", sendo esta a primeira querela com Agamemnon. Após o cumprimento do sacrifício de Ifigênia, os deuses permitiram aos ventos que soprassem, e assim a frota grega pôde navegar, fazendo escala na ilha de Tenedo, ao largo de Tróia.
Não se sabe ao certo se o rei da ilha, Tenes, se teria simplesmente oposto ao desembarque dos gregos, ou antes tentado proteger a sua irmã das intenções de Aquiles, contudo, qualquer que fosse a resposta, a verdade é que acabou por ser morto pelo herói. Mas uma vez que, Tenes, era filho de Apolo, o destino de Aquiles ficou-lhe ali traçado – embora Aquiles lhe tenha prestado um serviço fúnebre cheio de pompa e circunstância.
Chegados a Tróia e apenas com poucas semanas de decurso do conflito, Aquiles retira-se da batalha, após se ver desonrado por Agamemnon, comandante das forças aquéias.
Agamemnon tinha capturado uma mulher chamada Criseida como sua escrava e o seu pai, Crises, sacerdote do deus Apolo, implorou-lhe (a Agamemnon) que lhe devolvesse a filha, mas em vão. Como punição, Apolo fez recair uma praga sobre os gregos. O profeta Calcas por sua vez conseguiu determinar com sucesso a origem dos problemas, porém não ousou a manifestar-se até que Aquiles jurasse protegê-lo.
Agamemnon consentiu então em reenviar Criseida para o seu pai, porém ordenou que o prémio obtido por Aquiles durante a batalha, a escrava Briseida, lhe fosse trazida como substituta de Criseida. Irado com a desonra (e, como ele viria a dizer posteriormente, porque amava Briseida) e incitado por Tétis, sua mãe, Aquiles recusou-se a lutar ou liderar os mirmidões em conjunto com as forças gregas. À medida que a batalha começou a tomar um rumo desfavorável aos gregos, Nestor declarou que os troianos estavam a vencer porque Agamemnon tinha enfurecido Aquiles, e instigou o líder aqueu a fazer as pazes com o guerreiro.
Agamemnon concordou e enviou Odisseu e mais outros dois líderes até Aquiles, oferecendo-lhe Briseida de volta, bem como outros presentes. Aquiles recusou, e ainda instou os gregos a velejarem de volta para casa, como ele planeava fazer. No entanto, ansioso por obter glória, a despeito da sua ausência no campo de batalha, Aquiles orou a sua mãe, pedindo-lhe que intercedesse a seu favor junto a Zeus, favorecendo os troianos - que, liderados por Heitor, acabaram efectivamente por empurrar o exército grego rumo aos seus acampamentos na praia, e tomarem de assalto os seus navios.
Com as tropas gregas à beira da completa destruição, Pátroclo liderou os mirmidões na batalha, fazendo-se passar por Aquiles após vestir sua armadura e usar o seu carro de batalha. Pátroclo obteve sucesso expulsando os troianos das praias ocupadas pelos gregos, acabando, porém, por ser morto por Heitor antes que pudesse organizar o contra-ataque à cidade de Tróia.
Após receber de Antíloco, filho de Nestor, as notícias da morte de Pátroclo, Aquiles sofreu muito com a morte de seu amigo íntimo, e realizou diversos jogos fúnebres em sua honra. A sua mãe, Tétis, também o tentou confortar, ao ver um Aquiles atormentado e convenceu Hefesto a fazer-lhe uma nova armadura, no lugar daquela que Pátroclo vestia, uma vez que esta tinha sido levada por Heitor. Esta nova armadura contava com o Escudo de Aquiles.
Furioso com a morte de Pátroclo, Aquiles, reconsiderou a sua decisão de se afastar do combate, e voltou à batalha, matando diversos homens na sua fúria - sempre à procura de Heitor. Finalmente, Aquiles encontrou sua presa, após ter perseguido Heitor ao redor das muralhas de Tróia por três vezes, até que a deusa Atena - assumindo a forma do irmão favorito de Heitor, Deífobo - convenceu Heitor a parar de fugir e enfrentar Aquiles, homem a homem. Quando Heitor se apercebeu que tinha sido alvo de engano, soube que a sua morte era inevitável e aceitou seu destino, desejoso de morrer lutando, atacando prontamente Aquiles com sua única arma, a sua espada. Aquiles obteve finalmente sua vingança, matando Heitor com um único golpe no pescoço. Amarrou então o corpo do derrotado ao seu carro, e o arrastou pelo campo de batalha por nove dias.
Com a ajuda do deus Hermes, o pai de Heitor, Príamo, foi à tenda de Aquiles durante uma noite e implorou-lhe que permitisse realizar os ritos fúnebres que o seu filho merecia.
Tal como havia sido exalado no seu último suspiro, Heitor, previu a morte de Aquiles pelo seu irmão, Páris, com uma flecha no calcanhar, havendo certas versões do mito, em que o próprio deus Apolo teria guiado a seta de Páris.
Ambas as versões negam peremptoriamente a Páris qualquer tipo de valor pelo feito, devido à concepção comum de que ele era um covarde, e não o homem que seu irmão Heitor era - e, consequentemente, Aquiles teria permanecido sem ser derrotado no campo de batalha.
Os ossos de Aquiles foram misturados aos de Pátroclo e inúmeros jogos fúnebres foram realizados em sua homenagem.
1 comentário:
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