"Resistance: Fall of Man", anteriormente conhecido como "I-8", é um jogo na primeira pessoa, estruturado com uma base de ficção científica.
O jogo tem o seu ambiente assente numa versão alternativa da realidade, na qual a Segunda Guerra Mundial nunca aconteceu, tão-pouco a crise de 1929, nos Estados Unidos, e a ascensão do comunismo, na Rússia. Contudo, em 1951, ano no qual se desenrolam os factos do jogo, a Inglaterra é invadida por uma raça alienígena conhecida como Chimera. Sendo logo de imediato ameaçado o resto da Europa, bem como a Ásia.
O protagonista da história no qual encarnamos é o Sargento Nathan Hale, do exército norte-americano, o qual, em solo britânico, é o único que parece não ser afectado por um vírus disseminado pelos alienígenas e que tem por efeito nefasto deixar todos os infectados numa espécie de coma.
Assim, Hale torna-se a “peça fundamental” na luta contra os Chimera e, por consequência, a esperança de sobrevivência para toda a humanidade.
O enredo pode não parecer nada excepcional, mas é conduzido de maneira inspirada, sendo narrado em formato de flashback pela Capitão Rachel Parker, líder da resistência inglesa contra a invasão.
Aos poucos, novos acontecimentos são desvelados, colocando um pouco mais de emoção à frenética fórmula de ação do game.
Grosso modo, "Resistance: Fall of Man" não parece ser muito diferente da maioria dos "shooters" que recheiam as prateleiras por aí, mas um olhar mais atento e dedicado, mostra que o mérito do jogo se encontra em aproveitar os bons ingredientes do género para criar uma experiência de acção envolvente, ajudada ao mesmo tempo pelo poderio gráfico do PlayStation 3, ainda que as sempre desejadas inovações fiquem em segundo plano.
Como o contexto é alternativo, as armas são quase todas fictícias, muito embora a maioria faça referência a modelos bastante conhecidos – granadas, espingardas, metralhadoras, lança-mísseis, etc. O toque especial fica por conta dos armamentos alienígenas, que adicionam um pouco de criatividade ao arsenal.
O BullsEye, por exemplo, tem um modo de fogo alternativo que atira uma espécie de "etiqueta" e, a partir de então, a munição passa a ser direccionada automaticamente para esta. A Auger é um tipo de metralhadora cujos tiros são capazes de passar por alguns objectos, o que leva a que esconder-se em certos locais por muito tempo, para ter cobertura, nem sempre é uma boa ideia.
Normalmente, na maior parte do tempo, você está sob fogo inimigo, seja tentando proteger-se dos Chimera ou então ganhando terreno nas posições inimigas no território. De vez em quando, aparecem alguns soldados aliados para auxiliá-lo nos combates, mas eles não costumam “durar” muito tempo, o que faz de do Sargento Hale um combatente quase solitário, por ser aparentemente o único capaz de sobreviver ao vírus alienígena.
Assim na maior parte das vezes, encontramo-nos sozinhos e, consequentemente, em desvantagem numérica contra os Chimera – que, como manda o figurino, são aliens feios e intimidadores. Para completar o quadro, eles são bastante inteligentes e com uma precisão de tiro consideravelmente boa, actuam sempre procurando protecção e coordenam entre eles ataques conjuntos, flanqueando muitas vezes o Sargento Nathan Hale.
Por esta razão, ao longo das dez fases de "Resistance", cuja campanha single-player tem uma média de 12 horas de duração, muitos dos confrontos funcionam na base da premissa "tentativa e erro", isto é, se não deu certo investir no estratagema do fogo pesado, o melhor é tentar novamente com uma abordagem mais estratégica, tentando cercar o inimigo ou usando granadas. É sempre bom aproveitar o cenário para se proteger, esquivando-se dos tiros e abrindo fogo quando possível – mas sem permanecer muito tempo no mesmo lugar, já que a inteligência artificial é agressiva. Por sorte, o jogo salva automaticamente os progressos em "checkpoints" com frequência, evitando a frustração de ter que passar pelos mesmos desafios vezes sem conta.
O único aspecto que foge do convencional é o tímido uso da sensibilidade aos movimentos do Sixaxis, por exemplo, há um monstro que gosta de nos agarrar pela garganta e, quando isso acontece, é preciso agitar o controle para se livrar do monstro, além disso, no modo multiplayer, o mesmo princípio é empregue para escapar do fogo do lança-chamas.
Ao longo da história surge de vez em quando a necessidade de utilizar veículos, os quais são colocados com o nobre objectivo de proporcionar um pouco mais de variedade à acção. Assim, o primeiro a aparecer é um carro de combate que traduz o seu poderio no grande estrago que causa com seu poder de fogo, de seguida, temos um jipe com uma metralhadora montada, etc. Contudo estas são sequências raras e, embora interessantes, não chegam a ser muito desafiantes, pelo alto poder de destruição dos veículos, que praticamente não dão hipótese alguma aos alienígenas.
"Resistance: Fall of Man" é uma boa demonstração do poderio gráfico do PlayStation 3, com um ambiente exemplar, quer seja nos cenários parcial ou totalmente destruídos ou quer na modelagem dos Chimera que, embora não apareçam em grande variedade, tem aparência bem asquerosa e assustadora, como era de se esperar.
E, embora, não seja nada que já não tenha já sido visto noutros shooters do mercado, sobressai-se de forma magnífica na acção, em especial nas cenas mais impetuosas, quando os efeitos das chamas, tiros e explosões faz toda a diferença para deixar quem está do outro lado do ecrã completamente envolvido no clima.
Sendo o mesmo princípio aplicado aos respectivos efeitos sonoros, tais como o zumbir dos projécteis, os “clics” do municiar das armas e dos disparos ou então os ruídos terríveis emitidos pelos Chimera. No que concerne à música, esta funciona bem, mas sem nenhum destaque especial, servindo apenas para realçar momentos especiais da trama, dentro de um tom orquestrado.
"Resistance: Fall of Man" demonstra assim que nem sempre é preciso apresentar uma panóplia de inovações para se fazer um bom jogo, basta fazer um uso eficiente das características do estilo, sem descuidar aspectos como a envolvente, o enredo, o grafismo, etc.
Título que todo o apreciador de um bom shooter deve experimentar sem qualquer reserva, pois, terminada a campanha, há estímulos suficientes para jogá-la novamente.
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