"Todos os homens, por natureza, desejam saber."
Aristóteles
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Jogo da Semana * Uncharted 2: Among Thieves*
Uncharted 2: Among Thieves traz-nos de novo Nathan Drake, o novo herói acidental criado pela Naugthy Dog. O primeiro jogo, de nome Uncharted: Drake's Fortune abriu-nos as portas a um dos mais belos jogos que saíram até à data na PS3. Pecava por ser um jogo pequeno, com puzzles demasiado fáceis e sem qualquer modo online, que remetia a longevidade para novas incursões no modo single-player. Numa primeira instância, este novo jogo não parece fugir da formula criada, mas isto só mesmo num olhar menos atento e desajeitado. Uncharted 2: Among Thieves é uma verdadeira sequela, e não pretendeu apenas pegar na fama ganha, como ainda se reinventou e trouxe um jogo muito mais sólido, com uma história coesa, com um guião realista e bem estruturado, apimentado por tudo o que de bom tem um grande blockbuster. Imensa acção, explosões, tensão, adrenalina, drama, romance, e uma vertente cómica fantástica, que no nosso bom português, damos os parabéns pela fantástica localização. Simplesmente genial. Não deixando claro de lado o papel da sonoplastia, com uma banda sonora fantástica, com músicas colocadas consoante o ambiente, e efeitos sonoros muito bem conseguidos.
As animações do rosto estão fantásticas.
Dissecando tudo isto, e para quem ainda não jogou o primeiro, ou que nem conhece a série, temos assim um jogo na terceira pessoa, com inspirações nos fantásticos filmes de Indiana Jones. Digamos que é um misto de Indiana Jones com toques de Tomb Raider. Mas tudo ligado magistralmente. Uncharted 2: Among Thieves é um autentico regalo para os nossos olhos, não relegando para segundo plano o factor de nos surpreender a cada esquina. Está sem dúvida dentro do melhor que se fez até à data em termos gráficos, e principalmente tudo isto a um frame-rate extremamente estável. De realçar, já o anterior tinha, a paleta de cores empregues no jogo. Enquanto outros jogos primam por padronizar as cores dos materiais e ambiente, U2 (fica sempre bem) leva-nos até a um ambiente luxuriante de cor e brilho. Determinados cenários estão recriados de tal maneira, que dei por mim muitas vezes a pensar: "Que trabalhão deve ter demorado a desenhar e decorar esta zona e passei aqui 10 segundos." É esta preocupação pelo detalhe que torna U2 tão especial.
Então não éramos mais que amigos?
Existe sempre certas coisas que nos cativam em certos videojogos, e em U2, pessoalmente são as animações das personagens, principalmente nas cut-scenes. Poderão não ser as mais reais até à data, mas a forma como interagem uns com os outros, a colocação do corpo, do rosto e de todos os pormenores das mãos, ancas (sim ancas) tornam cada personagem numa pessoa real e muito credível. É como de actores reais se tratassem, e melhorando tudo isto, a passagem das cut-scenes para o jogo propriamente dito é feita de forma instantânea, que quando damos conta já estamos no controlo da personagem. A produção de Uncharted 2 foi tratada como se de um filme se tratasse. Tudo aquilo que conhecemos nos filmes, ângulos de câmara, escolha das vozes e clichés obrigatórios neste tipo de temática. Está lá tudo. Interessante é verificar o destaque que foi dado a Chloe Frazer, a nova menina morena bonita, e também ao modelo do ano passado (como comicamente se intitula) Elena. Foi explorado ao máximo a sensualidade destas duas meninas, deixando Nathan Drake numa posição muito ingrata.
Como referi logo no início, existem situações extremamente engraçadas no jogo, que provocam em nós sorrisos imediatos. Uma delas é a que referi, onde Drake está a subir uma escada, e numa perspectiva lateral esquerda conseguimos ver uma bela paisagem com um raiar do sol fantástico, e com a Elena atrás de nós. Quando eu estava a pensar nessa paisagem, porque realmente era magnifica, Elena passa à minha frente e fica com o rabo virado para Drake, o qual olha e Elena diz: "Estás a olhar para mim?" onde então Nathan responde:"Não... Não, estava a olhar para a paisagem. A vista daqui é fantástica. A sério." Apenas posso dizer. "Foste apanhado." São estes pequenos pormenores, metidos durante o jogo em si, que tornam o jogo dinâmico, e sem qualquer monotonia. Muitos mais exemplos destes irão acontecer, uns mais surpreendentes que outros. Mas uma coisa é certa, poucas mulheres resistirão ao beicinho maroto de Drake. Malandro o rapaz. Um dos factores de alguma frustração no primeiro jogo, era a jogabilidade, principalmente em zonas apertadas, nas escaladas e também no sistema de cover. Tudo isto foi redesenhado, estando agora muito mais aperfeiçoado. Falando do sistema de cover, penso que as melhorias estão mais nas opções de câmara do que no sistema em si. Raramente, ou quase nenhuma vez fiquei em modo de protecção e com a câmara a atrapalhar ou numa posição estranha, prejudicando a jogabilidade, bastando pressionar o botão circulo, somos projectados para a parede, canto, ou saliência que nos permite um abrigo, ficando agarrados nessa superfície até puxarmos para a frente a personagem. A troca de posição, independentemente se a próxima surpreender seja diferente, está muito bem conseguida, sendo de tal forma fluída que dei por mim a variar de zona tal como mestre da infiltração, apenas para criar poses a.k.a Rambo. Não sendo um sistema inovador, está muito bem empregue e quem já experimentou a Beta pública verificou isso mesmo. Já em termos das escaladas, principalmente na percepção das distância e zonas onde nos podemos segurar, poderiam estar mais bem conseguidas, ou na melhor das hipóteses, Drake deveria agarrar-se onde realisticamente se poderia agarrar.
Miss T-Shirt molhada.
Uncharted 2: Among Thieves vive do factor surpresa, e da aventura em si, e falar mais sobre a história e sobre as personagens e tipo de aventuras, e como se irá processar, seria no fundo uma má opção da minha parte. Isso é algo a ser descoberto por cada um de vocês e apreciado individualmente. No fundo a Naughty Dog, conseguiu criar um jogo extremamente equilibrado, onde todas as partes se conjugam de forma quase perfeita, onde julgo que não houve uma única altura em que tenha reclamado de alguma coisa, ou que algo estava mal empregue. O que me queixei foi sim de alguma dificuldade em certas zonas. São os nervos da derrota. Mas não queria deixar de dar apenas uma pitada da localização no tempo, o jogo. Em termos de enredo, Uncharted 2: Among Thieves leva-nos numa viagem fantástica de aventura e descoberta. A história desenrola-se anos depois dos acontecimentos narrados no primeiro jogo. Agora não estamos circunscritos a um único lugar, mas viajaremos por diferentes locais, criando pelo caminho amigos e claro muitos inimigos. Contamos com paisagens díspares, que vão desde selva luxuriante e quente, a paisagens geladas do Nepal. Nathan Drake vai em busca dos tesouros perdidos pelo explorador Marco Polo, a quando da sua volta com 14 navios, mas que apenas 1 chegou ao seu destino. Como Drake gosta de aventura nem pensa duas vezes, mas talvez fosse melhor tê-lo feito. Para esse fim, Drake retorna aos mesmos locais onde Marco Polo esteve, e não me alongando muito na história, que é um dos principais atractivos, apenas posso afirmar que está muito bem escrita e com aventuras e desventuras pelo caminho. Muitas personagens vão entrando em jogo, sendo que estaremos quase sempre acompanhados por outra pessoa. Pessoalmente acho que daria um excelente jogo em modo cooperativo, no seu total como modo single-player, mas a Naughty Dog decidiu antes nos brindar com um modo cooperativo diferente.
Sim, a cara não engana. Ele é mesmo badass.
Após o término do jogo somos recompensados por inúmeros presentes, ou artefactos que fomos coleccionando durante o jogo. Todas essas conquistas dão-nos dinheiro, que poderemos usar na compra de itens, como roupas, armas, filtros de cor, vídeos, e também imagens e artwork, quer para uso no modo single-player, como multiplayer. Interessante é também a possibilidade de integramos o jogo com a rede social twitter onde podemos mostrar a todos o nosso progresso bem como quando estamos online. Esta integração é feita dentro do próprio jogo, bastando para isso efectuar a ligação dos nossos dados do Twitter. Apenas a título de curiosidade, terminei o jogo em 13 horas, e estive 27 minutos a voar. Posso dizer que já sou um pássaro. Muito ainda tinha por fazer e coleccionar, por isso penso que a média poderá rondar as 15 horas. Igualmente interessante é o modo Machinima, que está acessível na zona multiplayer. Ou seja, neste modo livre, podemos criar os nossos próprios filmes, onde toda a acção é gravada e depois poderemos editar. Podemos mover a câmara de forma livre, escolher os filtros de cor, luminosidade, tonalidade das cores, o nível de nevoeiro, e variar a hora do dia. Uma ferramenta que prima pela simplicidade, que não é nada de extraordinário, mas que é um acrescento sempre bem-vindo. Uma das componentes que gerou alguma controvérsia, devido ao género de jogo em questão, foi a sua componente para múltiplos jogadores. Este modo de jogo até suscitou muitas dúvidas entre os fãs, que chegaram a dizer que não encaixava no género e que só iria estragar o que de bom tinha sido feito. Posso desde já adiantar que essas pessoas estavam redondamente enganadas. Esta componente multiplayer tem para nos oferecer variadíssimas opções e modos de jogo. No modo competitivo temos delícias como o Combate Mortal, Eliminação, Saquear e Reacção em Cadeia. Estes modos são um festim onde a acção reina. Um dos meus preferidos é sem dúvida a reacção em cadeia devido à enorme entreajuda que ele exige. Há que comunicar com os companheiros de equipa através do headset. Ao nosso dispor temos um sistema de ranking que define a nossa perícia como jogador. Durante os combates vamos amealhando dinheiro que faz com que subamos de nível. Esse mesmo dinheiro é depois utilizado para comprar vestimentas, turbos (mais precisão, mais munições, etc.) e até insultos. De referir que a maior parte destes upgrades estão bloqueados, vamos tendo acesso a eles com a subida do nosso ranking.
Foge.. foge bandido!
Mas se preferem uma boa partida de cooperação com os vossos melhores amigos, Uncharted 2 é o jogo ideal. Este modo de cooperação está dividido em dois. Temos a Arena Cooperativa, onde temos que sobreviver às vagas de ataque dos inimigos que vão ficando cada vez mais fortes com o passar do tempo, e o Modo Cooperativo, que é bem diferente do singleplayer pois não vamos jogar a mesma história em equipa, somos apenas colocados em cenários específicos para cumprir os objectivos em conjunto com os nossos companheiros. Neste modo cooperativo o trabalho de equipa é crucial, a comunicação é a chave para o sucesso. Os inimigos vêm de todos os lados, chegando a um ponto em que temos que eliminar um “boss” para avançar no jogo. Como devem ter reparado, o multiplayer de Uncharted 2 é simplesmente delicioso e vem de certa forma completar o que de bom existe na parte singleplayer. A jogabilidade do modo história é mantida neste multijogador, desde a fluidez de movimentos, passando pela espectacularidade e riqueza dos cenários, até à fenomenal banda sonora e respectiva sonoridade. Há jogos específicos para múltiplos jogadores que ficam distantes da qualidade alcançada em Uncharted 2, é uma mais-valia real que poderia ser vendida em separado. Quando me chegam jogos como Uncharted 2: Among Thieves às mãos, penso verdadeiramente no que de bom a indústria de videojogos tem. É como que um oásis dentro de tanta fraca qualidade. Uncharted 2: Among Thieves coloca novamente a fasquia da qualidade muito alta, sendo um dos melhores jogos deste ano. Para finalizar, e como promessa à Elena, que me pediu para lhe dar um valor entre 0 a 10, darei o que abaixo está inscrito. Vocês irão perceber.
10/10
Análise realizada por Eurogamer http://www.eurogamer.pt/articles/uncharted-2-among-thieves-analise
Sem comentários:
Enviar um comentário